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Energia limpa

Raízen vê novo plano do governo como incentivo a biocombustíveis e descarbonização industrial

Presidente da Raízen afirma também que o Brasil tem importante janela de oportunidade no Combustível de Aviação Sustentável

Novo plano de industrialização pode acelerar eletrificação dos processos industriais nas usinas (foto: divulgação Raízen)

O presidente da Raízen, Ricardo Mussa, elogiou o plano de industrialização do governo federal, que prevê R$ 300 bilhões para financiamentos até 2026. Para Mussa, o plano pode ajudar o setor de biocombustíveis a eletrificar processos industriais em usinas, liberando o bagaço hoje consumido com esse fim para servir de matéria-prima à produção de mais etanol com fins de exportação. O executivo também disse que o Brasil tem importante janela de oportunidade no Combustível de Aviação Sustentável (SAF, na sigla em inglês), insumo que, afirmou, “faz todo o sentido” para o futuro da Raízen.

Mussa falou a jornalistas na saída de um seminário do grupo B20, no Rio de Janeiro. O B20 está atrelado ao G20, cuja presidência é ocupada pelo Brasil até o fim desse ano. Ele disse que essa eletrificação de processos industriais é um dos assuntos na mesa das grandes empresas do grupo de países. “O Brasil já tem energia solar e eólica a bom preço. Se o setor pegar essa energia elétrica para operar as usinas, em vez de rodá-las com bagaço pode pegar esse insumo para transformar em produto líquido (etanol de 2ª geração) e exportar. O plano do governo pode ajudar nisso. Uma discussão no B20 é como promover as alternativas que fazem mais sentido (econômico). Muitas vezes, se promove o que não é mais eficiente”, disse.

Raízen de olho em SAF

Sobre o combustível de aviação renovável, Mussa disse que a Raízen observa oportunidades afins e afirmou que o Brasil tem todas as condições de ser um “grande protagonista” na sua fabricação via etanol. A cada 1,7 litro de etanol, detalhou, é possível produzir 1 litro de SAF, produto de maior valor agregado. Assim, disse ele, uma alternativa para a indústria nacional é, em vez de exportar o etanol diretamente, transformá-lo em SAF para só depois vender ao exterior, ampliando receitas.

Mussa defendeu a investida do Brasil no SAF de óleo vegetal ou etanol porque o setor de aviação não vai se eletrificar no curto prazo, além do fato de aeronaves terem vida útil superior a dos veículos terrestres. Outro ponto positivo ao negócio, segundo ele, é o poder de compra do usuário de aviação, que poderia absorver mais rapidamente os custos da transição. Até por isso, disse, espera que os governos mundo afora, mas também o brasileiro, imponham mandatos para SAF de maneira mais precoce e definitiva, ampliando de forma considerável a demanda pelo produto.

Sobre a eletrificação da matriz de transporte terrestre, Mussa admitiu que a eletrificação vai acontecer, mas previu uma transição lenta para o Brasil, justamente pela forte presença dos biocombustíveis. Ele disse que, à diferença de países europeus, por exemplo, o Brasil tem alternativas à eletrificação como via única. Nesse sentido, disse ver o carro híbrido com “muito mais tração” no mercado brasileiro e repetiu a máxima de que os países terão rotas de descarbonização distintas nos próximos anos.

Por isso tudo, o executivo disse não ver necessidade de incentivos públicos ao carro elétrico e afirmou que, no Brasil, a eletromobilidade tem sido e deve seguir mais como uma escolha do consumidor do que propriamente uma política de Estado.

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