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Varejo

Ritmo de cortes da Selic impacta resultados financeiros do varejo

Juros afetam diretamente o custo de dívidas das empresas do setor

Juros impactam capital de giro das companhias de varejo (foto: Adobe Stock)

A taxa básica de juros do País afeta diretamente o custo da dívida das empresas, bem como seus ciclos financeiros e a necessidade de capital de giro das companhias de varejo.

Em um cálculo rápido após a apresentação de resultados do primeiro trimestre de 2024, Magazine Luiza, Casas Bahia e Assaí disseram à reportagem que cada ponto de Selic a menos representaria R$ 150 milhões, R$ 170 milhões e R$ 140 milhões positivos em seus resultados financeiros.

Não é à toa, portanto, que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do último dia 8, que diminuiu o ritmo de cortes e baixou a Selic de 10,75% para 10,5%, provoca tantos comentários no meio varejista.

A presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, disse – no evento Brazil Summit, organizado em Nova York pelo jornal Financial Times – que acreditava que, de março a abril, deveria ter sido comunicado pelo Banco Central uma redução maior da taxa Selic. Sobre a decisão do Copom pelo corte de 0,25 ponto porcentual, a executiva foi categórica em dizer que seria melhor um corte de 0,5 ponto.

“A cada meio ponto, já mexe muito com a economia”, disse ela. A empresária considera importante o controle da inflação, mas argumenta que esse indicador, hoje, não sobe por demanda aquecida e falta de produtos. Ou seja, para ela, o desestímulo ao consumo por juros maiores não seria a melhor saída.

O comentário de Luiza é ligado ao fato de a taxa de juros estimular ou limitar o consumo. De fato, o acesso a crédito para financiar bens duráveis está diretamente ligado a condições mais favoráveis de juros. No entanto, nas contas das companhias, há outros efeitos, tão ou mais importantes que a influência da taxa nas receitas das varejistas.

O presidente da Sociedade Brasileira de Consumo e Varejo (SBVC), Eduardo Terra, explica que a taxa de juros do País interfere no ciclo financeiro das empresas. Existe uma diferença entre os prazos que os varejistas recebem os pagamentos de clientes, pagam seus fornecedores e giram seus estoques.

O custo para lidar com os descasamentos destes prazos são diretamente afetados pela taxa de juros. Assim, muitas vezes, para diminuir seus custos financeiros, as empresas acabam por reduzir seus estoques.

Além disso, com dívidas atreladas ao CDI, as empresas ainda veem o custo de seus débitos aumentar ou diminuir instantaneamente ao corte ou acréscimo à taxa básica de juros.

“Cada ponto porcentual de Selic é muito relevante na despesa financeira de qualquer companhia de varejo. Para se reduzir o custo financeiro de uma empresa do ramo (sem a redução da taxa de juros), é preciso reduzir endividamento, investimento, ou estoques, por exemplo”, diz Terra.

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