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CNP Seguradora e Correios iniciam parceria

Após um mês de testes em Brasília e São Paulo, CNP Seguradora e Correios iniciam parceira para a venda de seguros nas agências do serviço postal

CNP Seguradora começou a venda de seguros em quase seis mil agências dos Correios em todo País (foto: André Dusek/Estadão Conteúdo)

Os Correios começaram no início da semana a levar a venda de seguros a todas as agências do País, após um mês de testes em Brasília e em São Paulo. Até aqui, 5,9 mil unidades vendem os produtos da CNP Seguradora, número que deve chegar a 6,9 mil a partir de fevereiro com a inclusão das agências franqueadas. O processo deve levar de três a quatro meses.

Os Correios e a CNP Seguradora, que desenhou os produtos, não revelam o volume financeiro movimentado no piloto ou a projeção de vendas para o primeiro ano. Mas os planos vão além do mundo físico: a próxima etapa será vender seguros através do site e do aplicativo da estatal.

Serão vendidos produtos de assistência funeral, seguros contra acidentes pessoais e danos patrimoniais, além de proteção da bolsa e dos pertences, com mensalidades a partir de R$ 9,99. O acordo, válido por dez anos, foi fechado ano passado após a CNP vencer a licitação dos Correios com o lance único, de R$ 155 milhões.

“O contrato inicial é de cinco produtos, e há potencial para diversificação”, afirma o CEO da CNP, François Tritz, ao Broadcast. “O primeiro passo é demonstrar que este modelo de distribuição funciona, e que os Correios podem ser distribuidores de microsseguros [seguros de valor baixo e cobertura enxuta].”

O modelo é o do postassurance, termo em inglês que designa a venda de seguros junto com os serviços postais. Na França, a CNP é controlada pelo La Banque Postale, o banco postal do país, que por sua vez, é controlado pelos correios franceses.

Em nota, o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, diz que um dos fatores que restringe o consumo de seguros no Brasil é o preço. “A parceria dos Correios com a CNP Seguradora vem para mudar esse cenário: ela vai além dos negócios, promovendo acesso, entregando cidadania e se constituindo em um caminho para uma sociedade mais justa e inclusiva, ao garantir proteção e segurança nas jornadas de vida das brasileiras e dos brasileiros”, afirma.

A venda de seguros é mais um passo da empresa para retomar a presença em serviços financeiros, que diminuiu após o fim do Banco Postal, em 2019. Os Correios já vendem produtos de capitalização e planos odontológicos da CNP.

Simplicidade

Os produtos enfrentam desafios. O primeiro é o de apresentá-los e vendê-los a um público menos familiarizado com seguros. Segundo Tritz, ao desenhá-los, a CNP tentou fazer com que o processo de venda seja o mais simples possível, e que não leve mais do que cinco minutos. Consultores da CNP apoiarão as equipes das agências em todo o País. Hoje, são 15 profissionais, número que deve subir a 60 nos próximos meses.

Outro desafio é a queda da frequência de público nas agências. Tritz afirma que este é um ponto de atenção para os serviços postais em todo o mundo e que, para superá-lo, é necessário tomar uma série de ações. “A distribuição de produtos financeiros e de seguros é claramente uma das formas de compensar [a queda], e usar o canal online é uma obrigação”, afirma ele.

Além do site e do aplicativo, uma das ideias futuras é levar os seguros para o shopping virtual (marketplace) que os Correios desenvolvem. Não há, porém, um prazo para que isso aconteça.

Diversificação

As duas empresas enxergam no acordo uma forma de diversificação de negócios. Para os Correios, o desafio é concorrer com empresas de logística do setor privado, que se financiam via mercado financeiro e ganharam espaço no produto que mais gera receita para o setor na atualidade: a entrega de encomendas, em especial as feitas através do varejo online.

Nos nove primeiros meses do ano passado, a receita total dos Correios foi de R$ 14,8 bilhões, sendo que 48% do total, ou R$ 7 bilhões, vieram de encomendas. As atividades em que a estatal detém o monopólio por lei, como a distribuição de correspondências, responderam por 21,9% da receita, ante 23,7% no mesmo intervalo de 2022.

A CNP, por sua vez, busca firmar no Brasil o modelo multiparcerias com que opera em todo o mundo. Entre 2001 e 2021, a companhia esteve no País apenas através do balcão da Caixa Econômica Federal. Após o fim da exclusividade, adquiriu as participações da Caixa Seguridade nas antigas sociedades entre ambas e, com elas, buscou novos acordos.

Além dos Correios, a CNP vende produtos no Carrefour e na cooperativa de crédito Cresol. Os dados mais recentes, de 2022, apontam que a maior parte do faturamento no País vinha das novas parcerias com a Caixa: no banco, foram R$ 33,6 bilhões em faturamento em vida e previdência e R$ 219,6 milhões em consórcios. Fora da Caixa, a CNP arrecadou R$ 1,5 bilhão.

Segundo Tritz, outros acordos serão anunciados em breve. O mais iminente envolve uma instituição financeira, de nome não revelado, que passará a vender consórcios da CNP, mas a seguradora também quer firmar contratos com varejistas e seus braços financeiros, um dos balcões mais disputados pelas seguradoras do País.

 

 

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