Em formulário 20F, arquivado nesta terça-feira, 23, junto à Securities and Exchange Commission (SEC), a CVM dos Estados Unidos, o Assaí manifesta preocupação decorrente da ausência de acionista controlador ou grupo de controle. “Possuímos participação acionária dispersa, o que pode nos tornar mais suscetíveis ao surgimento de um novo grupo de acionistas agindo em conjunto que possa exercer controle e definir nossas operações”, diz.
Por conta disso, a varejista se mostra suscetível a tentativas de aquisição hostil e a conflitos decorrentes da falta de um controlador. “Caso surja um grupo de controle e tenha poder de decisão, poderemos enfrentar mudanças repentinas e inesperadas em nossas políticas e estratégias corporativas, incluindo uma possível substituição de diretores”.
O Assaí adverte, ainda, que qualquer mudança “repentina” ou “inesperada” na administração, plano de negócios ou direção estratégica, qualquer tentativa de aquisição de controle ou qualquer disputa entre acionistas a respeito de seus respectivos direitos “poderá afetar adversamente nossos negócios e resultados operacionais”.
Em outro cenário, considerando que o controle seja adquirido por um investidor ou grupo de investidores, prevê que algumas das obrigações de dívida poderão ser antecipadas, “o que poderá afetar material e adversamente nossa situação financeira”.
Passivos do Casino
Até junho de 2023, o Assaí fazia parte do grupo econômico do Casino, juntamente com outras entidades operacionais. Considerando que essas entidades estão envolvidas em processos judiciais no âmbito de suas atividades comerciais normais, o Assaí também vê potencial risco de sofrer com possíveis condenação dessas empresas.
“O resultado de tais processos poderá nos impactar, conjunta ou solidariamente, por ações ou omissões ocorridas durante o período em que estivemos sob o controle comum do Casino”, afirma o Assaí, lembrando que, se responsabilizado “solidariamente” por tais condenações, os resultados operacionais e financeiros, além da sua reputação, por consequência, também podem ser afetados negativamente.
Cenário macroeconômico
Outra preocupação do Assaí está na sua exposição aos riscos de mercado, decorrentes de alterações em moeda estrangeira e taxas de juros, lembrando da sensibilidade do setor de Cash&Carry brasileiro a quedas no poder de compra do consumidor e a ciclos econômicos desfavoráveis.
Segundo a varejista, esse setor passou por períodos de desaceleração econômica que levaram a quedas nos gastos dos consumidores. “O sucesso das operações depende de vários fatores, como condições de negócios, juros, inflação, crédito ao consumo, tributação, confiança dos consumidores, emprego e níveis salariais”, destaca a empresa, no documento.
Ainda na avaliação da companhia, a menor disponibilidade de crédito e políticas de concessão mais rigorosas poderão afetar negativamente as vendas, especialmente de pequenos eletrodomésticos. “Essas condições podem ter um efeito adverso relevante sobre nossa situação financeira e resultados operacionais”, destaca.
A competitividade da rede também entra neste contexto de risco, aponta o Assaí. “Enfrentamos concorrência e pressão significativas para nos adaptarmos às mudanças nos hábitos de consumo, o que pode afetar adversamente nossa participação de mercado e lucro líquido”, diz.
