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Energia limpa

Itaú BBA: Venda de fatia na Evolua pela Vibra está em linha com estratégia do grupo

O presidente da Vibra, Ernesto Pousada, estimou que o fim da joint venture na Evolua está previsto para 31 de março de 2026 e será importante para gerar valor adicional para a companhia

No âmbito da joint venture, a Evolua fornecia todo o etanol necessário para a Vibra, e parte dos resultados de vendas era contabilizada dentro da própria joint venture. (Foto: Divulgação)

O anúncio da Vibra de vender sua participação na joint venture Evolua – empresa criada em parceria com a Copersucar para atuar na comercialização de etanol – está alinhada com a intenção declarada da Vibra de encerrar a parceria e sua decisão de se retirar de iniciativas ligadas à transição energética. A avaliação é dos analistas do Itaú BBA, Monique Natal, Eric de Mello e Eduardo Mendes, em relatório sobre o tema.

No âmbito da joint venture, a Evolua fornecia todo o etanol necessário para a Vibra, e parte dos resultados de vendas era contabilizada dentro da própria joint venture.

“Com o desmantelamento dessa estrutura, a Vibra poderá apresentar margens unitárias mais elevadas, tornando-as mais comparáveis às de seus pares”, descreveram os analistas. “Por outro lado, o término da joint venture afetará negativamente os resultados reportados na sua linha de investimentos de participações.

Os analistas citaram o formulário de referência da Vibra segundo o qual a Evolua contribuiu com R$ 111 milhões para os resultados de participação em investimentos em 2024. O grupo não divulgou o valor da transação de venda.

Durante reunião pública com analistas e investidores nesta terça-feira, 9, o presidente da Vibra, Ernesto Pousada, estimou que o fim da joint venture na Evolua, anunciado na véspera, está previsto para 31 de março de 2026 e será importante para gerar valor adicional para a companhia. Segundo Pousada, essa decisão permitirá à empresa ter maior flexibilidade para acessar diferentes fontes de suprimento.

O Itaú BBA tem recomendação “outperform” (equivalente à compra) para a Vibra, com preço-alvo de R$ 29 para as ações.

Pé no acelerador no mercado de lubrificantes

Pousada afirmou que a empresa está confiante de que terminará 2025 com um crescimento importante no braço de negócios de lubrificantes. Além disso, Pousada destacou que a Vibra entrará em 2026 com um crescimento acelerado nesse segmento.

O grupo alcançou um recorde trimestral de vendas, com 81 mil m³ comercializados no terceiro trimestre. No acumulado do ano, foram 228 mil m³.

Durante reunião pública com investidores e analistas, Pousada citou que o Lubrax foi marca top of mind pelo 9º ano consecutivo.

O presidente da Vibra também anunciou planos de ampliar gradualmente a oferta de produtos premium, com uma expansão significativa em volume. A estratégia inclui ampliar a presença de lubrificantes em montadoras e concessionárias, fortalecendo ainda mais a posição da empresa no mercado.

Outro ponto destacado pelo presidente da Vibra foi o plano de aumentar a ocupação da fábrica, que atualmente está operando a dois terços de sua capacidade. Essa medida visa otimizar a produção e atender à crescente demanda pelos produtos da empresa.

‘Gás natural é uma avenida de crescimento’

O presidente da Vibra afirmou que a empresa está ativamente avaliando oportunidades estratégicas para expandir e fortalecer sua presença no mercado. “Gás natural, por exemplo, é uma avenida de crescimento que estamos considerando”, disse Pousada.

Por outro lado, ponderou sobre a importância de uma abordagem criteriosa na alocação de capital. “Temos disciplina rígida. Se a alocação de capital não for boa, não faremos”, acrescentou.

Pousada também enfatizou que a prioridade da Vibra ao longo de 2025 foi a redução da dívida. “Entrar em novas avenidas só acontecerá se tiver bom retorno a acionistas”, afirmou.

Além disso, o presidente da Vibra mencionou que a alocação de capital será analisada de acordo com os contextos, garantindo que as decisões tomadas estejam alinhadas com os melhores interesses da empresa e seus acionistas. “Nossa política de dividendos está mantida em 40%; podemos fazer mais, dependendo do desempenho da empresa”, disse Pousada.

Pousada também abordou o mercado de combustíveis, observando que a demanda está crescendo e que não antecipa disrupções significativas nesse segmento. Portanto, o negócio principal ainda é atrativo, avaliou. “Ainda temos muitas oportunidades a capturar em combustíveis”, concluiu.

O presidente da Vibra lembrou que o grupo tem um plano de crescimento com vistas a 2030. “Nosso plano é de longo prazo”, citou apontando espaço para geração de valor, crescimento e margens nos próximos cinco anos nos negócios principais.

O vice-presidente de Finanças e Relação com Investidores da Vibra, Augusto Ribeiro Júnior, acrescentou que o foco no curto prazo continua sendo gerar caixa, reduzir dívida e distribuir dividendos.

‘Os grandes gatilhos para eficiência são na parte logística’

Pousada afirmou que a empresa está focada em impulsionar a eficiência operacional, com ênfase especial na logística.

Segundo Pousada, os grandes gatilhos para esses ganhos de eficiência envolvem o uso de inteligência artificial na gestão logística, redução no tamanho da frota de caminhões, renegociação de prazos contratuais com fornecedores de logística e otimização de bases.

Além disso, Pousada destacou a intenção da empresa de reduzir os custos em ‘reais por metro cúbico’ na distribuição de combustíveis, buscando um aumento de volume e corte no custo absoluto.

“Como tudo nessa indústria, são centenas de milhões de reais”, afirmou, indicando que essa estratégia não é apenas uma medida de curto prazo, mas algo que a Vibra planeja repetir em 2026 e 2027 e nos anos seguintes.

A busca por ganhos de eficiência é uma prioridade para a Vibra, com o objetivo de incorporar esses ganhos na margem ou no ganho de participação de mercado, acrescentou.

Outra via de ganho de eficiência está na redução das despesas comerciais, gerais e administrativas.

‘Não, necessariamente, precisamos deter 100% da Comerc’

O presidente da Vibra afirmou que a empresa não tem “desespero” para resolver questões envolvendo uma potencial venda da Comerc, mas citou que o grupo não precisa ser dono de 100% da empresa de geração de energia.

“A Comerc é uma plataforma única e um ativo sólido que vem gerando resultados positivos”, disse, durante reunião pública com investidores e analistas. “Mas não, necessariamente, precisamos deter 100% dela”, emendou, explicando que a empresa tem um menor encaixe estratégico com o restante do portfólio.

Pousada afirmou que a Vibra sempre discute opções estratégicas para seus negócios, mas disse que “não tem nada acontecendo no momento”, sinalizando que uma eventual venda não seria algo iminente.

Pousada também comentou sobre os desafios recentes, mencionando que não esperavam um curtailment no nível que chegou, mas enfatizou que essa situação não vai durar para sempre.

Ele frisou que o esforço da empresa para a Comerc é atingir o break even na geração de caixa, o que será ajudado pela redução dos investimentos nos próximos trimestres. A prioridade, segundo ele, são medidas de cunho operacional e voltadas para ganho de eficiência.

Além disso, o presidente da Vibra reiterou a ambição da empresa de reduzir a alavancagem para menos de 2 vezes em 2026.

‘Continuamos acreditando na transição energética’

Pousada disse que a companhia continua acreditando na transição energética, a despeito do anúncio da venda de sua participação na joint venture Evolua – empresa criada em parceria com a Copersucar para atuar na comercialização de etanol.

“Não iremos liderar a transição energética, vamos acompanhar os clientes”, afirmou durante reunião com investidores e analistas. “Não ficaremos para trás, mas não vamos correr risco do pioneirismo”.

‘Vemos espaço para seguir crescendo em 2026’

Pousada afirmou que a empresa está chegando ao fim de 2025 entregando crescimento, em linha prometido com o plano estratégico. Para 2026, há espaço para seguir crescendo, acompanhando de um bom desempenho da margem.

Durante reunião pública com investidores e analistas, o executivo enfatizou a importância de olhar para a eficiência em logística e mencionou que a empresa está sempre em busca de oportunidades de redução de custos. “Vamos atrás de cada centavo”, declarou.

Pousada anunciou que a Vibra terá uma redução em suas despesas comerciais, gerais e administrativas SG&A, como parte de seus esforços contínuos para melhorar a eficiência operacional e financeira.

Só em 2025, a Vibra teve redução de R$ 350 milhões com frete, o que foi ajudado por uma revisão recorrente da malha logística com adoção de IA. Outros pontos que ajudaram nesse ganho foi o aumento de operações com frete de retorno, além de aumento do uso de modal de larga escala, como cabotagens. Essas medidas levaram a um ganho de R$ 150 milhões de eficiência operacional.

Ao fim da sua apresentação, o executivo destacou a importância da proximidade com a revenda em postos para gerar um crescimento sustentável, com um cronograma robusto de embandeiramento.

No âmbito do B2B, Pousada reforçou os planos de ampliação de produtos, fazendo uso de estratégias comerciais como upsell, cross sell e canais digitais para alcançar mais clientes.

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