A Usiminas apresentou um segundo trimestre afetado por um mercado interno difícil e carregado em importações no setor de siderurgia. Além disso, a área de mineração viu preços mais baixos do minério de ferro também ancorarem os números. Em sua divulgação de resultados, a companhia reduziu a estimativa de investimentos para o ano e apontou para uma melhora no terceiro trimestre.
A Usiminas apresentou lucro líquido de R$ 128 milhões no segundo trimestre de 2025, o número reverte prejuízo de R$ 100 milhões do igual período do ano passado. Na comparação com o trimestre anterior, no entanto, houve queda de 62% no indicador. O Ebitda Ajustado ficou em R$ 408 milhões no segundo trimestre, alta de 65% em relação ao igual período do ano anterior. Já frente ao primeiro trimestre, a queda foi de 44%
O CEO da companhia, Marcelo Chara, afirmou que o cenário desafiador que a companhia esperava para o segundo semestre se apresentou já no segundo trimestre. Ele citou os recordes de importações de aço e também os dados de importação de veículos que têm afetado tanto a área de siderurgia diretamente, quanto os clientes da empresa.
Visto o novo cenário, a companhia decidiu diminuir os planos de investimentos de 2025 de um intervalo de R$ 1,4 bilhão a R$ 1,6 bilhão, para a faixa de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,4 bilhão. “Continuamos trabalhando pela redução de custos em todas as operações industriais”, disse Chara ainda.
Ele acrescentou que o cenário competitivo que a companhia considera injusto no Brasil afeta a geração de empregos no País. “Reduções que previmos em Capex implicam em menos empregos. Implicam em menos linhas, que implicam em menos empregos”, afirmou. O executivo avalia que a política de cotas e tarifas não é eficiente e, por isso, é preciso buscar outros caminhos, que tenham prazos mais longos, como os processos antidumping. “Até outubro deste ano deveríamos ter alguma decisão antidumping”, diz
Na mesma conversa com analistas de mercado, o CFO da Usiminas, Thiago Rodrigues, diz que a companhia deve entregar uma redução mais relevante do Custo do Produto Vendido (CPV) na siderurgia no próximo trimestre. Os analistas questionam o porquê da redução não ter sido vista de forma mais clara no segundo trimestre de 2025.
“Vamos observar redução mais relevante de CPV no próximo trimestre. O suficiente para compensar impacto na receita líquida e levar a melhora de margem (na siderurgia)”, afirmou.
Repercussão
“Os custos por tonelada permaneceram estáveis em relação ao trimestre anterior, com manutenção programada significativa durante o trimestre. Por outro lado, a Usiminas antecipa uma expansão da margem EBITDA do aço no terceiro trimestre devido à redução significativa nos custos de matérias-primas mais baratas (benefícios cambiais) e ganhos em eficiência operacional”, escrevem os analistas Alexander Hacking, Stefan Wescott e Gabriel Barra. Eles esperam que esses fatores mais do que compensem a redução dos preços do setor. A mineração, por sua vez, ficou em linha com o esperado, com embarques mais fortes compensados por preços mais baixos do minério de ferro.
Já para o Itaú BBA, o Ebitda ajustado de R$408 milhões da Usiminas do segundo trimestre de 2025 ficou 13% abaixo da estimativa. Em relatório, o banco classificou o resultado como negativo.
“A diferença em relação à nossa estimativa foi principalmente devido ao desempenho de preço e volume na divisão de aço, que foi menor do que o esperado”, escreve Daniel Sasson. Ele destaca que a empresa sinalizou uma melhoria sequencial nos resultados do aço no terceiro trimestre e aponta como importante a redução na projeção de capex para 2025, com o ponto médio em linha com o modelo do banco.
Outro destaque, para Sasson, foi a aprovação de R$1,7 bilhão em capex para a reconstrução da Planta de Coque 2, a ser desembolsado de 2026 a 2029. A empresa divulgou que seu Conselho de Administração aprovou a realização da modernização e reconstrução parcial “Pad-up” da Bateria 4 da Coqueria 2 da Usina de Ipatinga, com objetivo de aumentar a capacidade produtiva de coque e gás de coqueria, bem como de reduzir a aquisição do insumo de terceiros.
Para a reforma, o investimento previsto, de acordo com a Usiminas, é de cerca de R$ 1,7 bilhão, distribuído ao longo de 4 anos, com cerca de R$ 80 milhões investidos em 2026 e o restante até 2029, quando a Bateria 4 entrará em operação.