A Brasilprev, maior empresa de previdência privada do País, encerrou o ano de 2023 com lucro líquido ajustado de R$ 1,9 bilhão, um crescimento de 28,1% em relação a 2022. O aumento da arrecadação dos planos de previdência e o resultado financeiro impulsionaram os números, de acordo com a companhia.
Os planos da Brasilprev tiveram arrecadação de R$ 57,4 bilhões, crescimento de 8,4% em um ano, e o maior volume arrecadado no mercado. A captação líquida, ou seja, a diferença entre aportes e resgates, foi positiva em R$ 8,9 bilhões, mais de cinco vezes mais que em 2022, em um reflexo da volta dos clientes às empresas tradicionais do setor, que têm uma carteira mais completa na renda fixa, diante da taxa Selic a dois dígitos.
“A captação foi impulsionada tanto pelo volume de entradas quanto pelo menor volume de resgates e portabilidade”, afirma o diretor financeiro da Brasilprev, Daniel Beneton. Na visão da empresa, essa melhor “defesa” contra o ataque externo é resultado da ampliação dos esforços em assessoria aos clientes.
O principal canal de vendas da companhia é a rede do Banco do Brasil, e a Brasilprev tem cerca de 150 profissionais dedicados a dar apoio aos funcionários do banco na venda dos produtos. É um modelo similar ao que o BB adota com outras empresas coligadas, como a Cielo, de maquininhas.
Sociedade entre a BB Seguros, empresa da holding BB Seguridade, e a americana Principal, a Brasilprev fechou o ano de 2023 com R$ 398,4 bilhões em ativos sob gestão, alta de 14,1% em relação a 2022 que veio em linha com o que a BB Seguridade projetou. No final do ano passado, a empresa tinha 28,5% do mercado de previdência privada do País, e 2,6 milhões de clientes.
Essa liderança tem se mantido mesmo com a investida de novas empresas nos últimos anos, arrefecida, mas não derrotada, pela alta da Selic. Beneton diz que a Brasilprev quer estar preparada para todos os cenários. “A concorrência vai sempre ser um foco, até porque temos uma agenda de Open Finance e Open Insurance que vai aumentar a transparência, o que é benéfico para a indústria.”
Resultado financeiro
No ano passado, o resultado financeiro da Brasilprev aumentou mais de quatro vezes, para R$ 1,069 bilhão. A companhia foi beneficiada pela paridade entre o IPCA e o IGP-M, índices que indexam boa parte da carteira de investimentos e, em parte, o balanço da companhia. Além disso, a queda dos juros futuros levou a ganhos com a marcação a mercado em outros papéis.
A empresa carrega entre suas obrigações planos de previdência antigos, que não são mais vendidos, e que são atrelados ao IGP-M. Como precisa fazer frente aos pagamentos aos beneficiários através dos investimentos financeiros que possui, a empresa aplica recursos em papéis atrelados ao índice, que são escassos.
Segundo Beneton, a estratégia tem sido a de aplicar em papéis indexados ao IPCA. “Com a estabilidade dos índices e a queda da taxa Selic, o resultado financeiro seria impactado, mas é uma projeção que não temos, porque muitos fatores podem impactar o resultado financeiro”, diz ele.
À frente
Neste ano, a BB Seguros estima que a Brasilprev aumentará as reservas de previdência entre 8% e 12%. O diretor financeiro afirma que a queda da Selic explica a desaceleração do crescimento em relação ao ano passado, dado que as reservas aumentam também pelo rendimento das aplicações. Mas ainda assim, a perspectiva é positiva.
Um dos vetores que devem ser destravados neste ano é a diversificação da carteira dos clientes. Nos últimos anos, a Brasilprev aumentou a oferta de fundos multimercados em um dos esforços para fazer frente à maior concorrência, mas com a alta da Selic, estes fundos ficaram menos atrativos.
“Acreditamos que o cenário de queda da taxa Selic vai criar a expectativa por diversificação, e a busca por mais classes de ativos”, afirma Beneton. Um dos passos é abrir a plataforma para fundos de gestores externos: 30 deles estão na prateleira, com 38 estratégias ao todo.
A companhia também vê de forma positiva a mudança na legislação que rege a escolha do regime de tributação dos produtos de previdência pelos clientes. Em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que permite que os participantes possam escolher a forma como serão tributados até que comecem a receber o benefício, e não em até um mês após a contratação, como era antes.
“Essa mudança tende a trazer mais simplicidade na contratação do produto, e que o cliente possa aprofundar essa discussão ao longo da jornada”, diz Beneton.