A safra de balanços das empresas de capital aberto relativa ao quarto trimestre de 2023 e ao ano fechado tem início na semana que vem, com o banco Santander abrindo a temporada no dia 31. As expectativas são mais positivas em relação às dos últimos trimestres, dado o ambiente macroeconômico menos pressionado, a desaceleração da inflação e a pequena queda dos juros básicos vista nos últimos meses de 2023. Simultaneamente, as companhias não financeiras devem exibir uma gradual redução das despesas com juros, em especial setores de tecnologia, consumo e as mais alavancadas.
Na opinião de analistas consultados pelo Broadcast, empresas de petróleo podem mostrar melhores resultados nos balanços, em razão dos elevados preços da commodity no período, assim como as mineradoras que, no entanto, terão como contrapeso a fraca demanda da China, conforme explicou Matheus Amaral, especialista em Bolsa do Inter. Ele coloca também o setor financeiro entre os destaques positivos do trimestre, porque pode mostrar uma recuperação gradual dos números, a depender da inadimplência e do ritmo de crescimento do crédito.
A melhora da economia deve favorecer os resultados das empresas de shoppings, que contarão ainda com a base de comparação fraca, uma vez que o quarto trimestre de 2022 foi prejudicado pela Copa do Mundo e as eleições, quando o movimento no comércio caiu. Alguns números de empresas varejistas também poderão ser beneficiados por esse fator, embora a expectativa da maioria dos analistas é de que o varejo, de uma forma geral, não terá boa performance no período.
A onda de calor atípico vista no País no final do ano tende a impulsionar os resultados das empresas de energia elétrica, em especial as distribuidoras, segundo a Santander Corretora. E o setor de logística deve refletir a forte demanda do agronegócio e também mostrar bons resultados.
O destaque negativo do quarto trimestre, além do varejo, serão as siderúrgicas, pressionadas pelos baixos preços e ampla oferta, além da maior penetração dos importados. Segundo Ricardo Peretti, da Santander Corretora, os preços médios de aço plano no mercado doméstico caíram 9% no quarto trimestre em relação aos três meses anteriores, enquanto os preços de aços longos recuaram 3%.
Também na lista dos desempenhos fracos deve figurar boa parte dos setores cíclicos, aí incluídas as companhias aéreas, que ainda não se recuperaram totalmente das perdas dos últimos anos, segundo Luis Eduardo Novaes, da Terra Investimentos, ao mesmo tempo em que enfrentam alta nos custos.
