A Prio fechou o último trimestre do ano passado atingindo a marca dos 100 mil barris diários de produção de óleo equivalente (boed), e para este ano, prevê o presidente da companhia, Roberto Monteiro, os planos são de chegar entre 130 mil a 150 mil boed. Em entrevista exclusiva ao Broadcast, Monteiro informou que o foco em 2024 será colocar em produção o campo de Wahoo, que ainda depende de uma arbitragem e licença ambiental, e na segunda metade do ano desenvolver o campo gigante de Albacora Leste, ambos na bacia de Campos.
“Wahoo e Albacora sozinhos nos leva de 100 mil barris por dia para 150 mil (boed)”, diz o executivo.
Especializada na revitalização de campos de petróleo e longe do risco da exploração, a Prio – ex-PetroRio – ainda vê oportunidades de aquisições no Brasil, apesar do fim das vendas da Petrobras com a nova gestão, mas não descarta avaliar, sem pressa, ativos na parte norte-americana do Golfo do México. Mas este ano, destaca Monteiro, a previsão é se concentrar no crescimento da produção com Wahoo e Albacora Leste.
“Se não agregarmos coisa nova, a companhia vai ser uma grande geradora de caixa. Se não conseguirmos agregar nada novo, vamos partir para pagamento de dividendos, recompra de ações, é isso o que vamos fazer. O negócio é esse: alocar capital bem e dar retorno para o acionista. Não queremos cair muito nessa armadilha de que temos que chegar a não sei quantos mil barris. Exploração é para os grandes”, explica Monteiro.
Wahoo deve agregar entre 25 mil e 40 mil barris de petróleo à produção da Prio, dependendo do resultado de uma disputa com a indiana IBV, uma joint venture da Bharat Petroleum (BPCL) e a Videocon Industries.
“Eles (IBV) não nos acompanharam durante o processo de investimento. Então fizemos uma operação exclusiva e aí eles resolveram entrar com uma arbitragem. Hoje temos direito a 40 mil barris porque temos operação exclusiva, estamos pagando 100% do Capex [investimento] e assim por diante. Eles entraram com uma arbitragem e estamos esperando a decisão”, informa o executivo, deixando claro que é possível a IBV voltar para o campo, reembolsar o Capex, ou não. “Pode sair qualquer coisa dali”, explica.
Além da arbitragem, a produção de Wahoo esbarra na demora do licenciamento pelo Ibama, cuja greve dos servidores vem atrasando o início da operação. A expectativa de Monteiro era obter a licença em dezembro do ano passado. “Eu não sei dizer o quanto Wahoo vai agregar na produção este ano, porque vai depender de quando começa, depende do Ibama”, ressalta.
Albacora
Já Albacora Leste, cuja conclusão da aquisição ocorreu em janeiro de 2023, um investimento de quase US$ 2 bilhões, terá uma campanha longa pela frente, segundo Monteiro.
“Albacora nós compramos em 2022, mas trouxemos para dentro em 2023. 2023 foi um ano de dominar o ativo, aumentar a eficiência e melhorar a operação. E agora, na segunda metade desse ano, depois que implementar esses 40 mil barris de Wahoo, a gente vai para Albacora, onde a gente tem oito poços para serem perfurados”, informa.
Monteiro aposta no crescimento orgânico da empresa, que tem ainda como ativos os campos de Frade, Polvo e Tubarão Martelo, todos na bacia de Campos. É no entorno desses campos que Monteiro observa oportunidades, dentro de uma lógica operacional de aproveitar os sistemas de produção já instalados, como será feito entre Frade e Wahoo.
Além de aumentar a produção com menos custos, o compartilhamento dos sistemas de produção ajuda a companhia a reduzir as emissões de gases efeito estufa (GEE), destaca Monteiro.
“Achamos que a história do petróleo ainda é longa, tem muitos e muitos anos. Nossa estratégia é produzir com a menor pegada de carbono possível. A humanidade ainda precisa de petróleo e se precisa, vamos produzir da maneira mais responsável possível, e é aí que entra a nossa estratégia”, explica.
A empresa pretende usar em Wahoo o mesmo FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência) do campo de Frade, conseguindo assim tanto a redução de custos como uma menor pegada de carbono.
“Vamos produzir em Wahoo com o mesmo FPSO que já existe em Frade. O gás que vamos queimar na turbina é o mesmo gás. Ele vai entrar com pegada muito baixa, porque o FPSO já está lá, não vamos produzir em um novo FPSO. Isso que a gente faz está alinhado com a nossa estratégia de consolidar, buscar eficiência, isso fala com redução de custo de produção. A estratégia é essa”, conclui.