A Suzano Holding, estrutura que controla a Suzano S.A. com 29,1% das ações, anunciou na última sexta-feira que recebeu aprovação de aumento de capital de R$ 2,01 bilhões, acompanhado de bonificação de ações e distribuição de dividendos. Ao mesmo tempo, foi celebrado um novo acordo de acionistas que, no geral, dá mais liquidez a alguns membros da família fundadora da companhia, mas não têm impacto direto nas ações da empresa listada, avaliam especialistas.
Com a operação de aumento de capital, o capital social da holding passa de
R$ 5,78 bilhões para R$ 7,79 bilhões, dividido em 1,10 bilhão de ações. A holding também aprovou o pagamento de R$ 1,34 bilhão em dividendos, a R$ 1,83 por ação ordinária e R$ 2,02 por ação preferencial, com pagamento previsto em três parcelas anuais, entre 2026 e 2028.
Por outro lado, o novo acordo de acionistas da holding estabelece, dentre outras matérias, reduções desproporcionais do capital social da Suzano Holding, a serem submetidas anualmente à deliberação da assembleia-geral, a partir do exercício social de 2026 até o exercício social de 2045, por meio da qual o Grupo Fanny receberá ações de emissão da companhia em contrapartida às suas ações de emissão da Suzano Holding que vierem a ser canceladas em virtude das reduções do capital da Suzano Holding.
Para Daniel Sasson, responsável pela análise de ações de empresas do setor de celulose no Itaú BBA, o impacto desses anúncios da holding para a Suzano S.A., listada na bolsa, é inexistente.
“O que está acontecendo é simplesmente que o grupo de controle fez um novo acordo para ir reduzindo a sua participação no grupo de controle, na Suzano Holding, e recebendo ações da Suzano S.A. Vamos ver uma redução gradual ao longo dos próximos 20 anos na participação do grupo de controle, mas um aumento em pessoas vinculadas. É simplesmente uma parte das pessoas da família (fundadora) que, ao invés de ter ações da Holding, vão passar a ter ações da Suzano S.A., listada, e com isso, eventualmente, ganhar mais liquidez”, afirma.
Na leitura do mercado, isso não significa que, uma vez que os acionistas que têm participação via holding recebam as ações diretas da empresa listada, passarão a vendê-las rapidamente. O que se entende é que haverá, gradualmente, ao longo dos próximos anos, maior possibilidade de liquidez para pessoas do atual grupo controlador da família. “Impacto basicamente zero para a Suzano S.A., listada na B3, principalmente no curto prazo”, resume Sasson, do Itaú BBA.