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Construção Civil

Tenda: ‘Este é o momento de ouro do Minha Casa, Minha Vida’, diz o diretor de Operações

A empresa espera obter um lucro líquido consolidado de R$ 520 milhões a R$ 600 milhões no ano que vem; se confirmado, será 47,3% maior em comparação com 2025

Tenda busca ser a líder na Faixa 1 do MCMV e se manter bem posicionada nas faixas 2 e 3 do programa (Foto: Divulgação)

O diretor de Operações da Tenda, Renan Sanches, classificou a situação do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) como o “momento de ouro do programa”, o que tem estimulado a empresa a ampliar os lançamentos. A construtora é uma das maiores do País no segmento de moradias populares, dentro do programa federal.

Segundo ele, esse cenário positivo é resultado da melhora nas condições de contratação dentro do programa (com ajustes nas faixas de renda, teto de preços e subsídios), garantia de recursos do FGTS para financiamento e apoio de cheques de programas estaduais. “Estamos buscando acelerar lançamentos para aproveitar essa oportunidade”, declarou.

Segundo o executivo, a Tenda caminha para trabalhar com 25 mil unidades lançadas por ano. Sanches disse que haveria demanda para realizar os lançamentos além disso, mas a empresa ainda carece de terrenos já comprados, regularizados e com projetos aprovados.

O diretor de operações disse que a Tenda também mantém uma postura cautelosa em relação à evolução dos custos de produção e à distribuição dos imóveis em cada uma das faixas do MCMV. As declarações ocorreram durante reunião pública com investidores e analistas.

Lucro projetado para 2026

A Construtora Tenda divulgou nesta sexta sexta-feira, 12, as projeções oficiais (guidances) para os seus negócios em 2026. Segundo fato relevante encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os números abrangem a Divisão Tenda – construção em concreto – e a Divisão Alea – de construção com peças de madeira pré-moldadas.

A empresa espera obter um lucro líquido consolidado de R$ 520 milhões a R$ 600 milhões no ano que vem. Se confirmado, isso representará um lucro 47,3% maior em 2026 ante 2025, considerando o ponto médio dos guidances. Para 2025, a previsão para o resultado líquido consolidado é de R$ 360 milhões a R$ 400 milhões, sendo que o grupo já entregou lucro de R$ 254,2 milhões (70,6%) no acumulado de janeiro a setembro.

Para 2026, o grupo divulgou que espera para a Divisão Tenda um Ebitda (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) entre R$ 950 milhões e R$ 1,050 bilhão, com vendas líquidas estimadas de R$ 5 bilhões a R$ 5,5 bilhões. Aqui há uma expectativa de alta de 25% nas vendas líquidas, também considerando o ponto médio das projeções. Neste ano, não foi divulgado guidance para Ebitda.

Para a Divisão Alea em 2026, o Ebitda esperado é negativo, variando de R$ 70 milhões a R$ 50 milhões, com vendas líquidas previstas de R$ 350 milhões a R$ 450 milhões. Aqui, a previsão para as vendas líquidas em 2026 está 46,6% menor na comparação anual. Além disso, o grupo espera um fluxo de caixa operacional negativo para a Alea entre R$ 80 milhões e R$ 60 milhões em 2026.

‘Buscamos ser líder na faixa 1 do MCMV’

Sanches afirmou que a companhia busca ser a empresa líder na Faixa 1 do MCMV e se manter bem posicionada nas faixas 2 e 3 do programa, em que vê potencial para crescimento. Segundo Sanches, a construtora já detém cerca de 50% de participação de mercado na Faixa 1 nas regiões onde atua. “Somos líderes disparados nas nossas regiões”, declarou.

O executivo disse que a Tenda busca flexibilidade na oferta de imóveis entre as diferentes faixas do programa, podendo atender consumidores variados, de acordo com as condições de mercado.

O diretor informou que o preço médio dos apartamentos vendidos pela Tenda é de R$ 220 mil, valor 23% abaixo dos concorrentes. Apesar disso, a margem bruta está em 36,5%. A seu ver, a estratégia industrial, baseada em projetos padronizados e ganho de escala, sustenta uma margem saudável, a despeito do preço menor que o de outras construtoras. “Só a gente consegue construir prédio com elevador neste segmento, a esse preço”, comentou.

Sanches comentou que 29% dos lançamentos de 2025 contaram com atributos como piscina, varanda e churrasqueira, o que contribuiu para a venda de apartamentos com preços mais altos. O porcentual de prédios com atributos atingirá 50% em 2026. “Com isso, teremos sucesso na estratégia de ganho de preço”, afirmou.

‘2026 tem tudo para ser um belo ano para a companhia’

Sanches afirmou que a perspectiva para os negócios é positiva para o ano que vem. “2026 tem tudo para ser um belo ano para a companhia”, disse Sanches. Ele relatou que as obras em execução estão sob controle, sem expectativa de desvios de orçamento. O diretor afirmou que a gestão eficiente do capital de giro vem permitindo geração de caixa desde o segundo trimestre de 2023.

O diretor mencionou mudanças na curva de subsídios do MCMV, já aprovadas e prestes a entrar em vigor, e citou programas estaduais com cheques que ajudam a compor o valor de entrada dos clientes. O executivo informou que a Tenda terá recorde de compra de terrenos neste ano. Os lotes adquiridos devem gerar 37 mil unidades, acima das 25,3 mil unidades equivalentes aos terrenos comprados em 2024. “Hoje conseguimos colocar mais unidades no mesmo terreno”, observou. A estrutura de pagamento envolve 64,5% em permutas, 29,4% após o lançamento e 6,1% em dinheiro antes do lançamento.

Na mesma reunião, a diretora institucional da Tenda, Daniela Ferrari, afirmou ainda que o orçamento do FGTS para o MCMV estará mais robusto em 2026, afastando preocupações com funding (a fonte de recursos).

Ferrari disse também que tem expectativa de continuidade na oferta de cheques regionais com subsídios complementares para o MCMV. Dentro desse contexto, a Tenda deve ganhar participação de mercado, pois a maioria dos cheques vai para a faixa 1 – onde a empresa é a principal construtora.

‘2026 será ano de freio de arrumação para Alea’

O diretor de operações da Tenda para a Divisão Alea, Luis Martini, afirmou que o próximo ano será marcado por uma reestruturação do negócio. “2026 será ano de freio de arrumação para a Alea”, declarou.

Martini disse que a meta é alcançar 100% de verticalização das atividades operacionais ainda no primeiro semestre de 2026. Isso porque a empresa teve estouros de custos nas obras por conta de demora nas entregas de fornecedores, além de dificuldade de lidar com mão de obra em várias regiões ao mesmo tempo.

O diretor reiterou a decisão de reduzir o número de regiões atendidas, permanecendo em apenas três no curto prazo. Ele acrescentou que a companhia vai segurar lançamentos para se adequar à nova realidade. O objetivo é minimizar o consumo de caixa da Alea em 2026, com break even em 2027.

A produção na Divisão Alea deve avançar para 2,5 mil a 2,8 mil unidades em 2026, ante 1,6 mil unidades contabilizadas de janeiro até setembro de 2025. As entregas estão estimadas entre 2,3 mil e 2,5 mil unidades em 2026, comparadas a 909 unidades entregues até setembro deste ano.

‘Apesar dos desafios, Alea ainda tem enorme valor potencial’, diz o presidente da Tenda

O presidente da Tenda, Rodrigo Osmo, defendeu a insistência do grupo em seguir investindo na Alea – divisão de casas de madeiras, com peças pré-moldadas – apesar dos prejuízos e dificuldades em colocar as operações nos trilhos. “Apesar dos desafios, a Alea ainda tem enorme valor potencial”, afirmou.

Sobre o modelo de negócios da Alea, Osmo disse que a divisão é a praticamente a única empresa com chance de atuar com grande escala no setor de casas populares (além da Pacaembu) e requer pouca mão de obra em função da produção industrializada.

Osmo ressaltou ainda o potencial de ganho com a reforma tributária, visto que a empresa poderia se beneficiar da recuperação de créditos de fornecedores. Segundo ele, essas características reforçam a perspectiva de valorização da operação.

O diretor de finanças e relações com investidores, Luiz Maurício Garcia, disse ainda que “a relevância da Alea para o resultado consolidado do grupo é pequena”, ao se comparar os guidances de Ebitda das Divisões Alea e tenda. “A Alea passa a ser uma opcionalidade, não um detrator de resultados”.

‘Escassez de mão de obra está se tornando um problema alarmante na construção’

Osmo fez um alerta a respeito da falta de pessoas disponíveis para trabalhar nos canteiros de obras. “A escassez de mão de obra está se tornando um problema alarmante na construção”.

Osmo citou uma pesquisa do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) apontando a falta de interesse dos jovens em ingressar no setor, o que tem provocado o aumento na idade média dos funcionários.

Entre 2016 e 2024, a idade média no ramo cresceu de 38 para 41 anos. Quando se trata do cargo de mestre de obras, que requer mais qualificação, o avanço foi de 40 para 46 anos. “Nenhum jovem mais vira mestre de obras”, afirmou.

A diretora de pessoas da companhia, Cristina Marques, disse que houve recorde de contratações pela empresa em 2025. Ao todo, foram 4,4 mil novos funcionários nas dez regiões onde a construtora atua. “nunca contratamos tanto quanto neste ano”.

Marques informou que o número de imigrantes atuando nos canteiros mais que dobrou de 2024 para 2025, passando de 240 em 2024 para 506 em 2025. A Tenda implementou um programa específico para atrair imigrantes, dos quais muitos são refugiados. “O programa é um recomeço com dignidade para essas pessoas”, citou.

A diretora apontou ainda que a rotatividade de trabalhadores imigrantes é 30% menor que a dos demais trabalhadores, fator que, segundo ela, contribui para estabilizar os quadros de pessoal em meio à escassez de mão de obra. Os imigrantes responderam ainda por 32% das promoções.

‘A partir do 2º semestre de 2026, a companhia tem tudo para ser pagadora de dividentos elevados’

O diretor financeiro e de relações com investidores afirmou que a geração de caixa em 2026 será concentrada no segundo semestre. Até lá, a empresa ainda terá desembolsos motivados por distribuição de dividendos e recompra de ações. Outro fator é o descasamento de despesas e receitas nas obras do programa Pode Entrar, em São Paulo.

Garcia explicou que o fluxo de recursos projetado pela companhia mostra maior entrada de caixa nos últimos seis meses do próximo ano. “A partir daí, a companhia tem tudo para ser pagadora de dividendos elevados”, pois o reforço de caixa abrirá espaço para a distribuição aos acionistas.

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