O Santander Brasil chegou a 72,8 milhões de clientes no terceiro trimestre, crescimento de 7% no ano. Desse total, 33,7 milhões são ativos, ou seja, usam efetivamente produtos do banco. Considerando aqueles que usam o banco como sua principal instituição financeira, a expansão foi de 7% no ano na pessoa física. “Seguimos focados em ser o banco mais presente na vida dos nossos clientes”, afirma o Santander no balanço.
O lucro do Santander Brasil foi novamente o segundo maior do grupo no mundo, atrás apenas da Espanha. Nos primeiros nove meses de 2025, o ganho no Brasil somou € 1,771 bilhão, só abaixo dos € 2,837 bilhões da matriz. No total, o resultado do grupo espanhol somou € 9,309 bilhões este ano, até setembro.
Após o Brasil, a terceira maior operação do mundo fica com o México, com ganho de € 1,234 bilhão no ano até setembro, seguido pelo Reino Unido, na quarta posição, com € 975 milhões.
O Santander Brasil teve lucro líquido gerencial, que desconsidera o ágio de aquisições, de R$ 4,009 bilhões no terceiro trimestre deste ano, alta de 9,4% ante o registrado em igual período de 2024. Na comparação com o segundo trimestre, houve alta de 9,6%.
O retorno sobre o patrimônio líquido do Santander avançou 0,5 ponto porcentual em um ano, para 17,5%. Os ativos totais somaram R$ 1,253 trilhão, queda de 2,4% em um ano e alta de 2,4% no trimestre. O patrimônio líquido, por sua vez, aumentou 6,1% em um ano e 1,9% em três meses, para R$ 94,171 bilhões.
A carteira de crédito do banco chegou a R$ 688,8 bilhões no final do terceiro trimestre pelo conceito ampliado, um crescimento de 3,8% no intervalo de um ano e de 2,0% em relação ao trimestre anterior.
A margem financeira bruta, que reflete os ganhos com operações que rendem juros, foi de R$ 15,208 bilhões, queda de 0,1% em um ano e de 1,2% na comparação trimestral.
Nas margens com clientes, o resultado foi de R$ 16,556 bilhões, crescimento de 11,1% no comparativo anual, e de 2,7% em três meses.
A margem com mercado do Santander foi negativa em R$ 1,348 bilhão. No trimestre anterior, havia sido negativa em R$ 730 milhões.
O presidente do Santander Brasil, Mario Leão, comemorou a volta do lucro trimestral do banco para a casa dos R$ 4 bilhões, o que não acontecia havia exatos três anos e três meses. No terceiro trimestre, o resultado ficou em R$ 4,009 bilhões superando o estimado pelos analistas.
Outro ponto destacado por Leão foi a volta do retorno (ROE, na sigla em inglês) para a casa dos 17%, ficando em 17,5% no terceiro trimestre. Em conversa com jornalistas, Leão reforçou que o banco mantém o foco de levar o indicador para a casa dos 20% no médio prazo.
“Estamos construindo uma operação cada vez mais sólida e resiliente”, disse Leão. O presidente do Santander ressaltou que a base de clientes já passou de 73 milhões, dos quais 34 milhões são ativos, ou seja, usam os serviços do banco. “Consistência e disciplina são palavras importantes para resultado”, disse o executivo.
‘Evolução consistente da rentabilidade’
Leão afirmou que o banco segue em “evolução consistente da rentabilidade”. O CEO acrescentou que o banco mantém “disciplina” na alocação de capital, pautado por pilares estratégicos e transformação constante, “mesmo diante de um ambiente macroeconômico mais desafiador”.
Carteira de crédito
A carteira de crédito ampliada do Santander Brasil chegou a R$ 688,801 bilhões no terceiro trimestre de 2025, um crescimento de 3,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com o segundo trimestre de 2025, houve alta de 2,0%. Segundo o banco, houve crescimento em todos os segmentos, alinhado com a estratégia de disciplina na alocação de capital com foco nos negócios estratégicos, gestão de risco dos portfólios e rentabilidade. Na comparação anual, a carteira de financiamento ao consumo subiu 12,6%, a R$ 89,008 bilhões; a de pequenas e médias empresas cresceu 13%, a R$ 81,675 bilhões.
Já a carteira de pessoas físicas, a maior do banco, cedeu 0,7% no confronto anual, a R$ 249,025 bilhões. A carteira total de veículos para pessoa física, que inclui as operações realizadas tanto pela financeira como pelos canais de distribuição do banco, somou no trimestre R$ 7,258 bilhões, queda de 8,5% ante o segundo trimestre e de 14,8% em 12 meses.
A carteira de cartão de crédito pessoa física atingiu R$ 59,863 bilhões, alta de 3,7% ante o segundo trimestre e queda de 14,8% ante um ano. O crédito consignado totalizou R$ 63,235 bilhões, com redução de 3,9% ante o segundo trimestre e de 13,5% ante um ano.
Crédito rural
A carteira de crédito rural do Santander encolheu, tanto na pessoa física quanto na pessoa jurídica, em um setor que tem tido aumento da inadimplência nos últimos meses no Brasil. No primeiro segmento, fechou o terceiro trimestre em R$ 9,2 bilhões, queda de 16,5% na comparação anual e de 6,4% ante o segundo trimestre.
Na pessoa jurídica, o crédito rural fechou setembro com carteira de R$ 11,566 bilhões, recuo de 7,8% no ano e mesma redução também no trimestre. Na pessoa física, o segmento rural, que representava 4,4% do total da carteira há um ano, fechou setembro em 3,7%.
Inadimplência
A taxa de inadimplência da carteira de crédito do Santander Brasil teve ligeira piora, impactada pela carteira de pessoa física, no segmento de menor renda, e na pessoa jurídica pelos segmentos de menor faturamento (pequenas e médias companhias). O indicador, para atrasos acima de 90 dias, fechou o terceiro trimestre em 3,4%. No mesmo período do ano passado, a métrica havia fechado em 3,2% e no segundo trimestre de 2025 em 3,1%.
A inadimplência em pessoas jurídicas subiu para 2,1%, de 1,7% um ano antes, puxada pelas menores empresas, com o indicador ficando em 5,1%. No segundo trimestre, ficou em 1,8%. Na carteira de crédito de pessoas físicas, os atrasos acima de 90 dias fecharam setembro em 4,2%, mesmo nível do terceiro trimestre de 2024. A inadimplência mais curta, entre 15 e 90 dias, ficou em 3,9%, de 3,6% um ano antes e 4% no fechamento do segundo trimestre de 2025.
A carteira renegociada atingiu R$ 42,5 bilhões, volume 13% menor que o do mesmo trimestre de 2024. O critério de compilação desta carteira mudou graças à Resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que entrou em vigor em janeiro. Agora, entram nesta classificação também as operações atrasadas há menos de 30 dias.
A entrada de créditos em atraso, conhecida como NPL Formation somou R$ 6,6 bilhões, alta de 1,1% no trimestre e aumento de 12,5% no ano. Já o índice de cobertura da carteira em estágio 3 ficou em 74% no período, de 67% no segundo trimestre de 2025.
Provisões para devedores duvidosos
As despesas líquidas do Santander Brasil com provisões para devedores duvidosos (PDD), as provisões contra a inadimplência, foram de R$ 6,5 bilhões no terceiro trimestre deste ano, volume 10,9% maior que o do mesmo intervalo de 2024. Em relação ao segundo trimestre deste ano, as despesas caíram 3,2%.No período, foram constituídos R$ 7,5 bilhões em provisões, alta anual de 10,5%, enquanto as recuperações de créditos somaram R$ 986 milhões, aumento de 8%.
Na apresentação dos resultados, o banco destaca que a queda trimestral da PDD é reflexo da seletividade no crédito que o banco tem adotado nos últimos trimestres.
Já o aumento na comparação anual, foi reflexo do cenário macroeconômico, de juros altos e do aumento de pedidos de recuperação judicial. O banco também destaca o impacto da implementação da resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que exige provisões também com base em perdas esperadas para o futuro.
O custo de crédito semestral anualizado atingiu 3,86%, estável na comparação trimestral e alta de 0,2 ponto ante o mesmo trimestre de 2024.
Receitas com serviços
O Santander Brasil teve R$ 5,552 bilhões em receitas com serviços (comissões) no terceiro trimestre deste ano, crescimento de 4,1% em um ano. Em um trimestre, a variação foi positiva em 6,7%.
Segundo o banco, o resultado refletiu principalmente as receitas de cartões e seguros, parcialmente compensado pela redução nas linhas de operações de crédito, impactadas pela reclassificação decorrente da Resolução CMN nº 4.966/21. Sem os efeitos da normativa, a linha de operações de crédito teria crescido 5,8% no ano e, no total de comissões, o crescimento seria de 6,5%, conforme o balanço.
Na receita em cartões, o Santander arrecadou R$ 1,568 bilhão, aumento de 14,4% no comparativo de um ano. A linha inclui receitas com anuidades e com o chamado intercâmbio, taxa que os bancos arrecadam a cada transação realizada com um cartão que emitiram. No trimestre, houve avanço de 5,7%.
As receitas com tarifas de conta corrente caíram 3% no intervalo de um ano, para R$ 892 milhões. Em seguros, o banco teve receitas de R$ 1,148 bilhão, alta de 8,5% em um ano e de 11,8% em três meses.
Em banco de investimento, as receitas de serviços de corretagem e colocação de títulos atingiram R$ 426 milhões no período, alta de 20,5% no trimestre e 21,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
As receitas de administração de recursos totalizaram R$ 462 milhões no trimestre, aumento de 6,8% em três meses e 7,5% no ano.