A reforma do Imposto de Renda (IR), aprovada pela Câmara dos Deputados na quarta-feira, 1º, e que segue para avaliação do Senado, deve gerar um impacto direto na renda em torno de R$ 31 bilhões em 2026, com efeito positivo no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 0,3 ponto porcentual, segundo o economista-chefe do banco Daycoval, Rafael Cardoso.
“Como o projeto é centrado em classes de renda mais baixa, em que o consumo das famílias tende a ser maior, o impacto no PIB tende a ser positivo”, diz Cardoso, em entrevista ao Estadão/Broadcast. Ele pondera que a projeção de crescimento de 1,9% do PIB em 2026 é mantida, pois a medida já era considerada no cenário-base do banco.
O efeito inflacionário tende a ser pequeno, de 0,1 ponto porcentual de inflação 12 meses à frente, acrescenta. A projeção do Daycoval é de um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,0% em 2026.
O economista afirma que a medida pode dificultar o trabalho do Banco Central (BC) em ancorar expectativas, considerando que o início do ano com maior renda disponível das famílias “pode gerar solução da atividade econômica”.
Cardoso também relembra que a diretoria do BC já informou em outras ocasiões que só incorpora projetos fiscais na projeção da instituição quando já foram aprovados e viraram lei. “No cenário do BC, acredito que esse projeto não estava. Então pode vir a alterar comunicação do BC, caso haja choque de renda positivo no meio do caminho”, exemplifica.
O Daycoval projeta início de flexibilização monetária pelo BC em 2026, com a Selic atingindo 11,50% ao ano em dezembro.