O diretor financeiro da Oi, Rodrigo Caldas, disse na sexta-feira, 5, que a companhia está no momento de consolidar as operações remanescentes após a venda dos braços de banda larga e TV paga, e seguir uma trilha de crescimento sustentável.
“O balanço do segundo trimestre mostra uma Oi mais enxuta, porém mais focada e preparada para crescer de modo sustentável no próximo ciclo”, declarou, em teleconferência com investidores e analistas. “O momento atual é de consolidação da estratégia”.
A Oi Soluções, que presta serviços de TI para empresas, se tornou a principal fonte de receitas do grupo, respondendo por metade do faturamento total. Para este negócio, o foco é ampliar a rentabilidade, focada em serviços de Cloud computing.
Já as subsidiárias de serviços de rede, manutenção e call center somam 39% da receita total. O diretor destacou que as subsidiárias têm um papel estratégico e potencial de crescimento, ajudando na diversificação das receitas.
Por sua vez, os serviços legados – como chamadas de voz – estão decadentes, mas representam apenas 11% do faturamento total. Caldas citou que a economia de custos acumulada com a desmobilização de redes antigas desde janeiro de 2024 está próxima de R$ 1,4 bilhão e tem potencial de totalizar cerca de R$ 2,5 bilhões até o final de 2025 o que deixará a empresa mais leve.
“A transição da Oi é cultural e estratégica. Estamos deixando para trás o modelo baseado em ativos físicos, com serviços legados, e avançando para uma companhia orientada para tecnologia, digital, com nuvem e conectividade e inteligente”, defendeu o executivo.
A Oi encerrou a teleconferência com investidores e analistas sem abrir a sessão de perguntas, orientando que dúvidas sejam encaminhadas por Email para a empresa.
‘Com aditamento em plano de recuperação, objetivo é preservar caixa’
Caldas reafirmou que o objetivo da proposta de aditamento ao plano de recuperação judicial da companhia é preservar os recursos por meio da renegociação de pagamentos que gerariam saída de caixa imediata.
A Oi protocolou em julho uma proposta de aditivo ao plano aprovado em abril de 2024, conforme mostrou o Estadão/Broadcast em primeira mão.
A nova proposta tem como objetivo reequilibrar o fluxo de caixa, dado que algumas ações desse plano não saíram conforme o projetado desde então, aumentando o ‘funding gap’, disse Caldas, em teleconferência com investidores e analistas na sexta-feira, 5.
“O aditamento visa garantir tempo e fôlego financeiro para a companhia avançar em duas frentes”, afirmou citando a venda de ativos e a estabilização das operações remanescentes.
A Oi tem um plano de venda de imóveis, redes de cobre e sua participação na V.tal. Além disso, está buscando o breakeven da Oi Soluções e da Oi Service.
Companhia tem prejuízo líquido de R$ 835 milhões no 2º trimestre
A Oi apresentou prejuízo líquido de R$ 835 milhões no segundo trimestre de 2025. A perda foi decorrente da redução no faturamento após as vendas de banda larga e TV paga, além das elevadas despesas com juros da dívida.
O resultado do segundo trimestre também representa uma reversão perante o lucro líquido de R$ 15 bilhões no segundo de 2024 – naquela época, porém, a operadora havia acabado de aprovar seu plano de recuperação, com descontos na dívida que geraram um ganho de natureza contábil, turbinando o lucro.
As operações da Oi permanecem em estado crítico. O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em R$ 91 milhões de abril a junho, perda 8,6% maior na comparação anual.
A receita líquida foi a R$ 714 milhões, redução de 66,7% na mesma base de comparação. Este foi o primeiro trimestre completo sem as receitas provenientes das operações de fibra ótica e TV.
O principal negócio remanescente, a Oi Soluções (conectividade e TI para empresas), teve receita de R$ 342 milhões, baixa de 23,7% na comparação anual. Segundo a Oi, essa queda provém da menor base de clientes e do foco em projetos com maior rentabilidade.
A receita da Oi com suas subsidiárias (serviços de rede, manutenção e call center) somou R$ 267 milhões, crescimento de 66,8% na comparação anual. Após a venda do negócio de banda larga, a Oi passou a atuar como prestadora de serviço para a ex-empresa, gerando receita extra.
Já o faturamento com serviços legados, como chamadas de voz, foi de R$ 74 milhões, 66,5% menor, em decorrência da queda na demanda.
No campo dos custos e despesas operacionais, a cifra foi de R$ 804 milhões, corte de 63,9%, puxada pelas vendas das operações e desmobilizações de equipes. Já o resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) gerou uma despesa de R$ 353 milhões, puxada pelos juros da dívida.
No período, a Oi teve queima de caixa de R$ 139 milhões, 39% inferior na comparação anual. Após a venda de ativos, foi possível cortar despesas e investimentos. O capex foi de R$ 41 milhões no trimestre, redução de 39%.
A companhia tem dívida líquida de R$ 10 bilhões, montante 50,9% maior na comparação anual. Após a aprovação do plano de recuperação, a operadora obteve novos financiamentos.