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Alimentos

Minerva espera usar, no 3º trimestre, 75% da capacidade das plantas adquiridas da Marfrig

Empresa adotou uma estratégia preventiva para reduzir os impactos das novas tarifas americanas sobre a carne brasileira

Sobre os estoques acumulados, Ticle comentou que eles devem ser consumidos ao longo dos dois últimos trimestres de 2025

A Minerva Foods espera alcançar, já no terceiro trimestre, 75% de utilização da capacidade das plantas adquiridas da Marfrig, em um processo de aceleração que, segundo o diretor financeiro da companhia, Edison Ticle, tem superado as expectativas.

“No primeiro tri ele estava em linha com o planejamento, no segundo tri ele superou o que a gente tinha planejado”, afirmou o executivo em entrevista coletiva para comentar os resultados do segundo trimestre. De acordo com Ticle, a maior parte das unidades já opera entre 65% e 67% da capacidade. “Esperamos chegar a 75% já no terceiro tri”, reforçou.

Mais do que volume e receita, o executivo destacou o impacto da integração nas despesas da companhia. “Quando a gente fez a aquisição, eu disse que traria só unidade operacional, só com custo variável. Eu não traria custo fixo. E que isso teria uma função adicional de redução nas despesas gerais, administrativas e também nas despesas de vendas”, afirmou.

De acordo com ele, essa estratégia já mostra efeito concreto. “Antes de eu começar a operar as plantas da Marfrig, esse número girava em torno de 13,5% a 14,5% da receita líquida – algo perto de 14%. Depois que eu comecei o ramp-up das plantas, esse número vem caindo, e atingiu 10,1% da receita líquida”, comentou.

Estoque adicional nos EUA

A Minerva adotou uma estratégia preventiva para reduzir os impactos das novas tarifas americanas sobre a carne brasileira, fortalecendo seus estoques nos Estados Unidos. Segundo Ticle, no segundo trimestre houve um aumento tático dos estoques da companhia em cerca de R$ 900 milhões, majoritariamente nos EUA.

“Temos um estoque adicional, digamos, acima do normal lá, o que nos proporcionará a oportunidade de aproveitar os preços mais altos usando mercadorias que já entraram no país e foram nacionalizadas com a tarifa antiga”, explicou, em entrevista para comentar os resultados do segundo trimestre de 2025. O executivo reforçou que esse volume já está em território americano e, portanto, não será afetado pelas novas tarifas.

Sobre os estoques acumulados, Ticle comentou que eles devem ser consumidos ao longo dos dois últimos trimestres de 2025. “Não consigo precisar para você se vai ficar só no terceiro trimestre, mas, olhando a posição de estoque que construímos, acreditamos que essa realização vai ocorrer nos próximos dois trimestres”, afirmou.

Além disso, a diversificação da plataforma da Minerva possibilita realocar volumes antes direcionados ao mercado americano para mercados como Europa, China, Chile e Oriente Médio. Já as unidades do Paraguai, Argentina e Uruguai podem atender mais os Estados Unidos. “A princípio, não estamos vendo impacto na receita nem na rentabilidade da Minerva”, afirmou.

Citi: Novas unidades impulsionam receita e Ebitda

As unidades adquiridas pela Minerva impactaram positivamente sua receita líquida e seu Ebitda no balanço do segundo trimestre de 2025, aponta o Citi. A receita líquida cresceu 82% e superou as expectativas da casa. O Ebitda ajustado de R$ 1,3 bilhão e a margem Ebitda de 9,4% superaram o esperado. Outro destaque para o banco é o aumento de 13% no abate de gado, também decorrente das novas plantas, que contribuíram para 20% das vendas no período.

Os analistas Renata Cabral e Tiago Harduim apontam que a margem Ebitda se expandiu em função da queda de 2,2 pontos porcentuais das despesas gerais e administrativas, causada pela alavancagem operacional das novas unidades e pelos sinais iniciais de sinergias da aquisição. A margem bruta, no lado negativo, contraiu um ponto porcentual, mesmo com o preço do gado estável.

A dupla aponta que a estratégia da Minerva de aproveitar a cota de importação isenta de impostos dos Estados Unidos da América (EUA) para antecipar exportações e acumular estoques de carne bovina contribuiu para os resultados do segundo trimestre, que se beneficiou da monetização desse estoque. O consumo de R$ 900 milhões em capital de giro para essa estratégia é apontado como uma “perspectiva tática” pelo Citi.

Com o aumento dos volumes consolidados maior que o de abate de gado, o banco entende que uma parte significativa do volume vendido foi proveniente do estoque. Os preços médios da companhia cresceram 1% em termos da divisa brasileira, mesmo com a desvalorização cambial impactando negativamente os resultados sequenciais, ponderam os analistas.

“Vemos como riscos para nossa tese a persistente alta alavancagem, incertezas quanto à geração sustentada de fluxo de caixa livre após a monetização dos estoques nos EUA e a aceleração das novas plantas, a resolução de desafios operacionais no Uruguai e possíveis ventos contrários de uma mudança cíclica na oferta de gado brasileiro em direção a 2026”, concluem os analistas.

O Citi tem recomendação neutra para as ações da Minerva. O preço-alvo é de R$ 5,60, o que representa um potencial de valorização de 6,7% em relação ao último fechamento.

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