A Aura Minerals, mineradora que prepara oferta de ações em Nova York, alerta para os riscos das tarifas comerciais de Donald Trump nos negócios de mineração em documento enviado na segunda-feira, 23, na Securities And Exchange Commission (SEC), que regula o mercado de capitais americano.
“Uma disrupção nas práticas comerciais atuais poderia ter um impacto significativo na nossa capacidade de comercializar nossos produtos e adquirir insumos e equipamentos para nossas operações e projetos”, comenta a Aura no prospecto da operação ao falar dos fatores de risco.
Logo em seguida, o texto cita o dia 2 de abril, que Trump chamou de “Liberation Day” e anunciou tarifas recíprocas para os parceiros comerciais dos Estados Unidos e depois outra de até 50% para aço e alumínio, provocando forte estresse nos mercados. A Aura observa que depois as tarifas foram temporariamente suspensas, mas a incerteza permanece sobre se serão adotadas novamente ou mesmo se haverá outras para outros países.
“A adoção e expansão de restrições comerciais, a ocorrência de uma guerra comercial ou outra ação governamental relacionada a tarifas ou acordos ou políticas comerciais têm o potencial de nos impactar negativamente assim como a economia global”, destaca o prospecto. Segundo fontes, a Aura planeja uma oferta de ações de US$ 300 milhões, que deve ser feita nas próximas semanas.
Entre outros fatores de risco, o documento cita a possibilidade de brigas com comunidades locais onde as minas estão instaladas, ciberataques e as “incertezas inerentes” na avaliação dos potenciais ativos dentro de uma mina, incluindo a estimativa de reservas minerais.
O negócio de mineração pode também ser afetado pelas crescentes regulações relacionadas às mudanças climáticas, ressalta a Aura, acrescentando ainda o risco de mudanças tributárias nos países onde opera, que é o caso do Brasil, além de México, Honduras e Guatemala.
A Aura ressalta que ainda tem vendas concentradas em poucos clientes. São três no caso do ouro que extrai e um no caso do cobre. Se houver atrasos nos pagamentos de qualquer um deles, a mineradora será afetada, destaca o prospecto.
Guerras
O conflito no Oriente Médio, que essa semana escalou com o ataque dos Estados Unidos no Irã, também é mencionado pela Aura nos fatores de risco. Além do impacto para elevar o preço do petróleo, a piora da situação geopolítica mundial pode provocar volatilidade no mercado financeiro, reduzir a liquidez, pressionar a inflação e elevar o custo do financiamento das empresas.
“A guerra (no Oriente Médio) está provocando uma crise humanitária na Faixa de Gaza e poderia levar a uma escalada do conflito na região, aumento dos preços do petróleo e gás, mais pressões inflacionárias e volatilidade do mercado”, observa o prospecto.
A Aura é focada na extração do ouro, metal que tem subido este ano, justamente por conta do aumento da incerteza na economia mundial. A empresa também tem foco em cobre e prata. Só na B3, o papel da Aura acumula alta de 105% em 2025 e de 224% em 12 meses. No Brasil, acaba de comprar uma mina de ouro em Goiás, tem operações no Mato Grosso e planeja extrair metais em Carajás, no Pará. A Aura é controlada pelo empresário brasileiro Paulo Brito, com 54% das ações.
Para a oferta nos EUA, a Aura contratou os bancos Bank of America e Goldman Sachs para serem coordenadores globais. BTG Pactual, Itaú BBA, Bradesco BBI, National Bank of Canada, RBC Capital Markets e Scotiabank também estão no sindicato.