A Suzano reportou na noite desta quinta-feira, 6, lucro líquido de R$ 1,961 bilhão no terceiro trimestre de 2025, queda de 39% ante igual período de 2024. O Ebitda (Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) ajustado foi de R$ 5,200 bilhões, com redução de 20% em relação ao visto um ano antes. Já a receita líquida foi de R$ 12,153 bilhões, baixa de 1% na mesma base de comparação anual.
A empresa sinaliza que, após um período de incertezas com a política tarifária dos Estados Unidos, observou-se uma gradual recuperação de preços de celulose a partir do final de agosto em relação ao nível mais baixo do ano registrado na primeira metade do trimestre na China.
“Apesar de uma melhora do sentimento de mercado, o preço médio líquido da Suzano em US$ apresentou uma queda de 6%, enquanto o PIX China teve redução de 9% e o PIX Europa de 12%”, comenta no release de resultados.
A queda de 1% da receita líquida consolidada em relação ao trimestre correspondente de 2024 é explicada pela queda no preço médio líquido de celulose em dólares (-22%) e pela desvalorização do dólar médio ante o real médio (-2%).
“Esses efeitos foram parcialmente compensados pelo maior volume de vendas de celulose (+20%) e pelo impacto positivo da nova operação da Suzano Packaging US”, explica a companhia.
Já a queda de 20% no Ebitda Ajustado decorreu do menor preço médio líquido da celulose; de maiores Despesas de Vendas e Gerais e Administrativas; e desvalorização do dólar ante o real. Esses efeitos foram parcialmente compensados principalmente pelo maior volume de vendas de celulose e pelo menor custo do produto vendido, ainda segundo a empresa.
A Suzano pontua ainda que as despesas financeiras tiveram aumento de 14% em relação ao segundo trimestre, refletindo, principalmente, o aumento dos juros em moeda local, por sua vez decorrente do aumento do saldo de dívida em moeda local e aumento do CDI médio do período.
Vendas de celulose têm alta de 20%
A Suzano reportou que as suas vendas de celulose somaram 3,165 milhões de toneladas no terceiro trimestre de 2025, com alta de 20% sobre o mesmo trimestre de 2024.
O preço líquido médio da celulose comercializada pela Suzano foi de US$ 524/t, queda de 6% ante o trimestre anterior e uma redução de 22% em relação ao mesmo período de 2024.
O custo caixa sem paradas do terceiro trimestre foi de R$ 801 por tonelada, apresentando uma redução de 4% frente ao trimestre imediatamente anterior e de 7% na comparação anual.
Já as vendas de papel somaram 436 mil toneladas no terceiro trimestre de 2025, com alta de 21% sobre o mesmo trimestre de 2024.
O preço médio da venda de papéis foi de US$ 7.118/t, queda de 3% ante o trimestre anterior e uma alta de 4% em relação ao mesmo período de 2024.
Abreu: 1º aumento de preço de celulose em agosto foi implementado; 2º foi parcial
O CEO da Suzano, Beto Abreu, disse que o mercado de celulose está em um momento neutro, com algumas oportunidades de aumentos de preço. A companhia fez recentemente três anúncios de reajustes para a China e outros países asiáticos nos meses de agosto, setembro e outubro, de US$ 20 cada um. O primeiro, foi 100% implementado. O segundo, conta Abreu, foi parcialmente concretizado, com 50% repassados. O terceiro, por sua vez, está em discussão com os clientes.
“Eu diria que o mercado está bastante neutro. Temos esses aumentos que foram implementados e algumas variáveis importantes. Hoje, vimos um anúncio da Bracell, que retira a produção de 600 mil toneladas de celulose. Temos alguma redução de estoque na China também. Mas eu não considero que tenhamos elementos relevantes para ter uma mudança muito forte de oferta e demanda do mercado”, afirmou Abreu ao Estadão/Broadcast.
O CFO da companhia, Marcos Assumpção, diz que os produtores de celulose com custos mais altos de produção continuam muito pressionados. “Vemos que isso pode a qualquer hora trazer um fechamento de capacidade e deixar o mercado um pouco mais apertado, mas ainda não vimos isso de fato acontecer”, afirmou. Ele também destaca o anúncio da empresa do mesmo ramo, a Bracell, como uma novidade nesse cenário.
Para Assumpção, um destaque positivo do terceiro trimestre de 2025 é o segmento de papel, com a operação dos Estados Unidos. Foi o primeiro trimestre de Ebitda positivo dessa operação. “Tem um trabalho muito bem feito lá e a expectativa é que continuemos evoluindo”, disse.
Assumpção: Mercado de dívida está favorável para empresas com grau de investimento
O diretor financeiro da Suzano, Marcos Assumpção, disse que o mercado de dívida está favorável para empresas que têm grau de investimento e podem fazer emissões em dólar. No terceiro trimestre de 2025, a dívida líquida da companhia ficou estável em relação ao trimestre anterior, em cerca de US$ 13 bilhões, mesmo com investimentos no período. No trimestre, a companhia fez operações de gestão de dívida e substituição de dívidas de menor prazo, por títulos mais longos.
“A maior delas foi a emissão de um bond de US$ 1 bilhão, que vence em 10 anos e meio, em 2036. Aproveitamos esse dinheiro para pagar dívidas que venciam em 2026 e 2027. Com isso a gente conseguiu manter o custo da dívida da Suzano estável em 5% e aumentar o prazo médio de amortização de 74 para 80 meses”, diz.
Nesse processo, a companhia também emitiu títulos de dívida de R$ 5 bilhões, o que aumentou as despesas financeiras do período. “Como a taxa de juros no Brasil é muito mais alta do que a taxa de juros nos Estados Unidos, há um pagamento de juros um pouco maior. Ao longo do trimestre e ao longo dos meses, faremos a conversão dessa dívida em real para a dívida em dólar. Isso tem sido feito ao longo do tempo e, portanto, tem efeito temporário”, disse ao Estadão/Broadcast.