O Daycoval reduziu ligeiramente sua estimativa para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025, de 4,9% a 4,8%. A projeção para 2026, em contrapartida, foi elevada em 0,1 ponto porcentual, para 4,1%.
Em revisão de cenário divulgada na quarta-feira, 8, a equipe econômica do banco, chefiada por Rafael Cardoso, afirma que a continuidade da queda dos alimentos tem surpreendido, o que justifica a projeção um pouco mais baixa para este ano. “A expectativa era de que, com o fim do período sazonalmente mais favorável, a variação de preços deste grupo voltasse ao terreno positivo, pressionando a inflação. Contudo, o cenário segue benigno, sobretudo para as carnes vermelhas”, observam os economistas.
A instituição reduziu de 5,2% para 4,7% a previsão para a alta de alimentos no domicílio em 2025, mas pondera que a ocorrência do evento climático La Niña no último trimestre é um ponto de alerta. Como outro fator de alívio inflacionário, o Daycoval destaca os bens industriais, que devem subir 3,1% no ano.
O principal desafio segue na variação dos serviços, de acordo com os economistas do banco. A inflação deste grupo deve ficar em 6% este ano, o dobro da meta perseguida pelo Banco Central, de 3%, e acima da alta de 4,8% observada em 2024. “A despeito da desaceleração em curso da atividade econômica, o mercado de trabalho segue aquecido, constituindo importante fonte de atenção para a dinâmica da inflação de serviços”, diz o Daycoval.
O banco manteve suas premissas para a atividade econômica, com projeção de expansão de 2,1% e 1,9% do PIB em 2025 e 2026, respectivamente. O cenário-base para a política monetária também não teve alteração: a expectativa é de que o ciclo de cortes na Selic comece em janeiro do próximo ano, com uma redução de 0,25 ponto porcentual. A taxa básica de juros deve passar de 15% ao fim de 2025 para 11,50% ao fim de 2026.
“Diante da resiliência da inflação de serviços num ambiente de mercado de trabalho com arrefecimento gradual, reforçamos o viés de postergação para o início dos cortes”, pondera a instituição.