O pagamento de precatórios da União, que neste ano ficou concentrado em julho, deve impulsionar os próximos indicadores de venda de varejo e elevar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre em 0,2 ponto porcentual. O cálculo é das economistas do Itaú Priscila Burity, Natalia Cotarelli e Marina Garrido e consta em relatório divulgado pelo banco na quinta-feira, 2.
Para chegar à conclusão, o Itaú utilizou, entre outras base de dados, o monitoramento de TEDs originadas de contas judiciais de clientes do Itaú que receberam esses pagamentos.
De acordo com o banco, a experiência de anos passados indica que, em média, 15% dos valores recebidos via precatórios são destinados para o consumo de bens e serviços. Do total, 10% acontece nos primeiros seis meses após o pagamento.
Neste ano, as economistas destacam que já há um impacto “visível” do efeito dos precatórios nos dados de consumo. “Até o final de setembro de 2025, houve uso de 3,5% dos valores recebidos (via precatórios) para consumo, em linha com ciclos anteriores. O consumo de bens aumentou 47%, impulsionado principalmente por automóveis/autopeças e material de construção, enquanto as despesas com serviços avançaram cerca de 20%”, observam as economistas.
Com isso, a expectativa é que a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostre uma elevação adicional entre 0,9% e 2,8% entre agosto e setembro, com um possível transbordamento também para o quarto trimestre. “Para a PMS (serviços prestados às famílias), o impacto deve ser mais contido, dado o menor percentual de gastos direcionado para o setor”, salientam.
A projeção do Itaú é de crescimento de 0,3% do PIB no terceiro trimestre, na margem, e elevação de 1,9% na comparação interanual.