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Energia Elétrica

Cemig vê necessidade de se tornar corporação para competir no mercado liberado

Empresa enfrentará, até o fim da década, desafios como o fim de concessões de usinas hidrelétricas que respondem por cerca de 50% de sua capacidade de geração e a abertura do mercado livre de energia para consumidores de baixa tensão

Para a Cemig, a transformação da companhia em uma corporação, sem controle definido, como defende o governo mineiro, seria um movimento importante para que a empresa esteja mais bem posicionada para enfrentar desafios (Foto: Adobe Stock)

Após avançar nos ganhos de eficiência operacional e financeira, enquanto prossegue em seu plano de investimentos voltado para a expansão de rede, a Cemig vislumbra os próximos passos da companhia. A empresa enfrentará, até o fim da década, desafios como o fim de concessões de usinas hidrelétricas que respondem por cerca de 50% de sua capacidade de geração e a abertura do mercado livre de energia para consumidores de baixa tensão, como residenciais e comerciais e industriais de pequeno porte.

Na visão do diretor-presidente da companhia, Reynaldo Passanezi, a transformação da companhia em uma corporação, sem controle definido, como defende o governo mineiro, seria um movimento importante para que a empresa esteja mais bem posicionada para enfrentar esses desafios.

O executivo cita que a transformação da companhia em uma corporação permitiria à Cemig renovar suas concessões hidrelétricas em fim de contrato — Sá Carvalho, Emborcação e Nova Ponte — sem as amarras do regime de cotas, podendo comercializar energia no mercado livre. Caso permaneça estatal, a renovação só seria autorizada sob o regime de cotas, no qual a energia é vendida ao mercado regulado (das distribuidoras) ao custo de operação e manutenção. E a empresa também teria a necessidade de recompor portfólio para atender seus clientes livres. Alternativamente, a empresa poderia buscar uma renovação atrelada à venda do controle da usina para um investidor privado, o que também não agrada.

“Eu vejo muito valor possível no modelo de transformar a Cemig em corporação, pela renovação das concessões e pela maior possibilidade de agilidade para competir no mercado liberado, no qual o nosso competidor será o setor privado”, disse o executivo, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

A proposta do governo de Minas Gerais para transformação da Cemig em uma corporação consiste na migração da companhia para o Novo Mercado, com a conversão de ações preferenciais em ordinárias. Com isso, o estado mineiro, que hoje possui 50,97% das ações ordinárias, com direito a voto, e nenhuma ação preferencial, totalizando 17,04% do capital da empresa, manteria esse mesmo porcentual. “Transformar em corporação não vai alterar o patrimônio público, ao contrário, o valoriza”, disse Passanezi.

A operação, no entanto, depende de aprovação popular, ou uma alteração na Constituição mineira que altere essa exigência. Diante das resistências locais, por ora os deputados estaduais preferiram não avançar no projeto de lei que retira a obrigatoriedade de por referendo popular para Cemig, preferindo se concentrar na proposta de privatização da estatal de saneamento Copasa.

Passanezi afirmou que as incertezas sobre o futuro não afetam o planejamento estratégico, que atualmente envolve investimentos da ordem de R$ 59 bilhões até 2028. “Nós vamos executar o plano, já executamos R$ 23 bilhões no acumulado até agora, foram R$ 6 bilhões somente nos últimos 12 meses”, disse.

Ele também reforçou que a venda de ativos não estratégicos segue nos planos da companhia, mas admitiu que, embora a administração siga buscando compradores, no curto prazo o foco central está na discussão na Assembleia Legislativa mineira sobre o futuro da companhia.

Os investimentos da companhia estão concentrados em expansão e modernização da rede de distribuição e reforços e melhorias da transmissão. Já o segmento de geração não é o foco do momento, tendo em vista a questão conjuntural de excesso de oferta e dificuldade de fechamento de contratos de longo prazo (PPAs, na sigla em inglês). Passanezi vislumbra, porém, uma potencial participação no leilão de reserva de capacidade (LRCAP), para a contratação de potência, por meio de suas hidrelétricas. Ele admitiu, porém, que ainda existem questões relacionadas a licenciamento ambiental que precisariam ser superadas.

Já o próximo leilão de novos empreendimentos de transmissão, marcado para outubro, bem como o leilão de sistemas de armazenamento, planejado para o primeiro semestre do próximo ano, não estão no foco da companhia.

Segundo o presidente da Cemig, a companhia olha para baterias com foco em instalações voltadas para atendimento da rede de distribuição ou junto às usinas de geração distribuída da companhia. De um lado, a empresa avança no desenvolvimento de microrredes, formadas por usinas solares conectadas a um sistema de baterias para dar mais confiabilidade no atendimento de municípios específicos que hoje possuem uma única fonte de alimentação e que podem enfrentar maior tempo de interrupção de fornecimento no caso de falhas. Um primeiro projeto está em fase final de instalação e há planos de instalar mais 30.

Por outro lado, a Cemig está testando a instalação de uma mini usina de geração distribuída conectada a um sistema de baterias, de modo a permitir a injeção de energia solar na rede à noite. Desta forma, evita também os problemas de falta de conexão para novas capacidades. “Estamos tentando usar a tecnologia para enfrentar nossos desafios. Claro que vai ser menos rentável do que a GD sem a bateria, mas são temas que a gente precisa avançar, em vez de ficar criticando que precisa de mais rede”, disse, acrescentando que as iniciativas também visam proporcionar alternativas para a regulação.

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