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Locadoras podem frear expansão para reforçar caixa diante de juros altos, diz Fitch

Com a Selic em patamares elevados, as locadoras passaram a enfrentar maior pressão nas despesas financeiras; expectativa é que a estratégia de 'tirar o pé do freio' contribua para a desalavancagem

Para fazer jus ao aumento de preços de automóveis no período pós-pandemia, o setor de locação tem elevado os preços constantemente (suwanb/Adobe Stock)

O setor de locação, intensivo em capital, vem atravessando um ciclo de forte expansão de frota nos últimos anos, financiado, principalmente, por dívida. No entanto, com os juros elevados, as empresas do segmento podem optar por “tirar o pé do acelerador” para mirar a geração de caixa, segundo o diretor associado de Corporates da Fitch, Marcelo Pappiani.

“Esperamos que as companhias tomem a decisão de parar um pouquinho o crescimento para focar na geração de caixa. E, então, no momento em que os juros estiverem mais favoráveis, retomem o ciclo de crescimento”, afirma em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast.

Pappiani explica que, com a Selic em patamares elevados, as locadoras passaram a enfrentar maior pressão nas despesas financeiras e no ROIC Spread — a diferença entre a rentabilidade e o custo da dívida. Ainda assim, pondera que as empresas do setor têm capacidade de gerar caixa logo após a desaceleração, diferente do que ocorre em outros segmentos de capital intensivo, como o saneamento.

Com isso, a expectativa é que a estratégia de “tirar o pé do freio” contribua para a desalavancagem, já que a redução de investimentos em frota tende a aumentar a liquidez. “O ROIC também tende a melhorar gradualmente à medida que as empresas vão implementando medidas de eficiência”, complementa o diretor associado da Fitch.

Temas no radar

Para fazer jus ao aumento de preços de automóveis no período pós-pandemia, o setor de locação tem elevado os preços constantemente. Nesse cenário, a Fitch busca mapear até que ponto há espaço para novas altas sem que haja redução de volume.

“Queremos entender o quão elástica é essa demanda e se chegou a um ponto de inflexão para identificar até que ponto os consumidores estão dispostos a absorver esses preços”, diz o especialista, destacando que os aumentos da tarifa média de aluguel têm superado a inflação.

Já em relação à depreciação, a Fitch vê alguma normalização do indicador, inclusive com uma tendência de leve queda. Apesar de não identificarem uma pressão específica nesse sentido, o tema continua sempre no radar, segundo Pappiani.

Segue no radar também o comportamento dos preços de seminovos diante de incentivos governamentais, como a redução do IPI para carros de entrada e sustentáveis. Para o diretor da Fitch, ainda é cedo para cravar os possíveis impactos da medida, mas a leitura inicial é de um efeito neutro.

Ratings

Em junho, a Fitch rebaixou os IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de Inadimplência do Emissor) de Longo Prazo em Moedas Estrangeira e Local da Movida de ‘BB’ para ‘BB-‘, com perspectiva estável. A mudança refletiu alavancagem a líquida consolidada da Simpar, holding da companhia, que consistentemente excede os patamares compatíveis com um rating na categoria ‘BB’, segundo a agência.

No entanto, a Fitch destacou que, individualmente, a Movida apresenta sólida posição no competitivo mercado brasileiro de locação de veículos e frotas, com escala relevante e forte desempenho operacional.

A Localiza, por sua vez, possui um rating ‘BB+’, com perspectiva estável. A classificação foi reiterada no final do ano passado, quando a Fitch citou “a robusta posição de liderança do grupo no setor brasileiro de locação”. Ressaltou ainda que a companhia se beneficia de uma diversificada base de clientes e de contratos de longo prazo para uma parte significativa de suas receitas.

“O grupo tem comprovado acesso a financiamento sem garantias, forte liquidez e um cronograma de amortização de dívida bem escalonado”, avaliou a equipe da agência de risco na ocasião.

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