A aquisição da Unifametro pela Yduqs é positiva e deve fortalecer a marcar Wyden na região, particularmente em Fortaleza, onde 94% dos estudantes presenciais da universidade estão concentrados, avaliam os analistas do Itaú BBA, Vinicius Figueiredo, Lucca Generali Marquezini e Felipe Amancio. O preço-alvo da ação para o ano é de R$ 18,00, e o valor atual é de R$ 13,00 por ativo.
“Integrar a marca ao portfólio da Wyden melhora a posição da Yduqs em um mercado estratégico e permite a captura de sinergias através de ganhos operacionais e eficiências de custo”, disseram.
Em relatório, a equipe do Itaú BBA destaca que a avaliação implícita para a cláusula de earn-out para as vagas em medicina estão alinhadas com aquisições históricas no segmento e não parece cara, considerando que os assentos estão localizados numa região de alta demanda.
A aquisição da Unifametro prevê o pagamento de R$ 31 milhões antecipadamente e outros 31 milhões em cinco anos, totalizando R$ 62 milhões. A universidade tem dois campus em Fortaleza e Maracanaú, além de um centro de educação a distância em Caucaia, todos no Ceará. A instituição atende 8 mil estudantes, sendo 78% em seus 23 programas de graduação presenciais.
O resultado do 2º trimestre
A Yduqs obteve lucro líquido ajustado de R$ 30,6 milhões no segundo trimestre deste ano, queda de 45,6% em relação ao mesmo período de 2024. Nos seis primeiros meses do ano, o lucro da empresa totalizou R$ 184,3 milhões, diminuição de 24,9%. Sem ajustes, o lucro foi de R$ 3,1 milhões, montante 87,5% menor do que o observado um ano antes. No semestre, o lucro sem ajustes foi de R$ 131,8 milhões.
A receita líquida do período somou R$ 3,241 bilhões, crescimento de 9,1% em base anual de comparação. No acumulado do ano até junho a receita totalizou R$ 6,390 bilhões, elevação de 9,1% frente ao apurado um ano antes.
O Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda, da sigla em inglês) ajustado ficou em R$ 393,9 milhões, recuo de 7,3% ante o mesmo período de 2024. De janeiro a junho o Ebitda totalizou R$ 908,4 milhões, cifra 3,6% menor do que a observada um ano antes.
A dívida líquida alcançou R$ 4,577 bilhões ao final do primeiro semestre, avanço de 0,6% em base anual de comparação.
Postura mais conservadora
A Yduqs adotou uma postura mais conservadora no reconhecimento da receita de alunos que não estão engajados com o material, e que têm maior potencial de evasão, e passou a provisionar 5% da receita de captação desses estudantes ao longo do ano.
De acordo com executivos da companhia na teleconferência de resultados, a medida não tem efeito caixa e produzirá impacto neutro no resultado após o ciclo de 18 meses. Com isso, deve haver menor volatilidade entre os trimestres e redução da provisão para devedores duvidosos (PDD). A empresa ainda enxerga como resultado dessa medida um aumento na satisfação dos alunos e maior probabilidade de receptação desses estudantes.
“Agora a gente está fazendo uma provisão, já no início do reconhecimento da receita desse aluno, reduzindo a nossa receita operacional líquida (ROL), e isso vai melhorar a nossa PDD”, explicou o diretor-presidente da companhia, Rossano Marques.
Marques disse que está confiante na captação de alunos para o segundo trimestre deste ano e que os índices de renovação dos atuais estudantes é alto. “Como vocês viram, há um crescimento de 16%, com 60% da captação já acontecendo”, disse ele durante teleconferência de resultados do segundo trimestre deste ano.
Marques afirmou, ainda, que vê potencial de crescimento em cursos de medicina, um negócio pujante na companhia, e que a perspectiva com o programa “Mais Médicos 3”, é que já tenha resultados preliminares no segundo semestre. “Temos certeza que seremos vencedores nesse processo”.
Em relação ao novo marco regulatório do Ensino a Distância (EaD), o executivo destacou que é um fator que vai fortalecer as competências da empresa, e que a modalidade semipresencial é um negócio de maior crescimento e que agora está sendo regulamentado. “Tiramos um grande overhang do setor, uma eliminação de risco que é muito importante para as companhias que entregam qualidade”, destacou.
Marques disse que o segmento de educação superior deveria ser mais consolidado do que atualmente é e que a Yduqs permanecerá avaliando oportunidades no mercado de forma oportunística.
Segundo ele, a empresa segue a proposta de alocação de capital já divulgada, com foco primário em redução da alavancagem para uma vez a relação dívida líquida e Ebitda, mas eventualmente pode aproveitar oportunidades de negócios que agreguem valor, com marcas fortes regionalmente, e bem posicionadas em cidades com potencial de crescimento.
“Esses deals geralmente não são grandes e consumiriam uma pequena parte do caixa gerado, permitindo que a empresa continue atuando até atingir o nível de alavancagem desejado”, explicou.
Marques também comentou que a empresa se diz “eternamente frustrada” por não conseguir encontrar mais negócios no mercado, pois acredita que o setor deveria ser mais consolidado, e que embora a companhia siga muito ativa na busca por negócios, também é conservadora na alocação de capital.