O balanço da Telefônica Brasil, dona da Vivo, agradou a analistas de telecomunicações, que destacaram a aceleração da receita da companhia, especialmente no segmento móvel, puxada pela planos pós-pagos. A empresa também mostrou evolução no faturamento com banda larga e comercialização de serviços digitais.
Pela frente, as atenções do mercado estão voltadas para a evolução de ativos que faziam parte da concessão de telefonia fixa. Outro ponto importante diz respeito às sinergias esperadas com a integração da empresa de fibra óptica, a Fibrasil.
“Mantivemos a trajetória de crescimento das nossas receitas, impulsionadas pelo forte desempenho do pós-pago e da fibra, ambos com avanços acima da inflação do período”, destacou o presidente da Telefônica, Christian Gebara, em teleconferência.
Entre analistas de mercado, os números da operadora foram vistos de forma positiva. “A Telefônica apresentou mais um trimestre resiliente, com a receita total de serviços crescendo 7,5% na comparação, ligeiramente acima das nossas expectativas”, afirmaram os analistas Bernardo Guttmann e Luis Chagas, em relatório da XP.
Os analistas elogiaram que o crescimento foi impulsionado pela contínua expansão do faturamento com os planos de celular pós-pago, com o negócio de banda larga por fibra óptica (FTTH), além da forte tração nos serviços digitais.
A receita líquida de serviço móvel subiu 7,3% no segundo trimestre de 2025 ante o mesmo período de 2024. Portanto, o crescimento foi real, ficando acima da inflação no período, graças ao aumento da base de clientes, às migrações do pré-pago para controle e pós-pago “puro”, à atração de novos clientes e aos reajustes anuais de preços. O segmento mostrou também aceleração no crescimento em relação ao primeiro trimestre de 2025, quando teve alta de 6,5%.
A receita do setor fixo cresceu 8% no segundo trimestre de 2025, uma aceleração importante em relação ao primeiro trimestre do ano, quando avançou 6,2%. Neste balanço, a operadora mostrou avanço de dois dígitos tanto na operação de banda larga (10,4%) quanto nos dados corporativos e serviços digitais (20,7%).
“No geral, o trimestre continuou confirmando as tendências positivas no setor de telecomunicações, com a empresa mais uma vez gerando forte crescimento do fluxo de caixa”, descreveram os analistas do Bradesco BBI, Daniel Federle e Camila Koga, em relatório.
O lucro líquido da Telefônica Brasil, dona da Vivo, cresceu 10% no segundo trimestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, chegando a R$ 1,344 bilhão. O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) aumentou 8,8% na mesma base de comparação anual, indo a R$ 5,933 bilhões. A margem Ebitda teve leve alta de 0,6 ponto porcentual, para 40,5%. Já a receita operacional líquida da companhia cresceu 7,1%, totalizando R$ 14,645 bilhões.
Próximos passos
A companhia começou a venda de ativos cuja desmobilização foi autorizada após a mudança da concessão para autorização em telefonia fixa. No segundo trimestre, foram cerca de R$ 5 milhões em venda de cobre e imóveis. A redução dos custos operacionais relacionadas a essas desmobilizações deve ser apurada nos próximos meses.
Alguns analistas esperavam que esse movimento já estivesse um pouco mais adiantado, mas Gebara ponderou que é só o começo e que todas as metas estão mantidas. Ao todo, a companhia prevê R$ 4,5 bilhões em vendas desses ativos, sendo a maior parte disso a ser apurado em 2026 e 2027. “Estamos muito positivos na estratégia de vendas”, declarou o executivo.
O presidente da Telefônica também disse que a incorporação da empresa de redes de fibra óptica Fibrasil tem potencial para gerar sinergias de receitas e de custos. A Telefônica acertou a compra de participação de 50% do fundo canadense CPDQ da Fibrasil por R$ 850 milhões. Com isso, passou a deter o total de 75,1% da companhia.
A recompra aconteceu porque a estratégia de atuar como uma empresa de redes neutras – atraindo outras operadoras para se plugar à fibra ótica da Fibrasil – não deu certo. Ou seja, a Vivo permaneceu como a única cliente relevante. “Passados quatro anos, a FiBrasil tem dependência da ocupação da rede pela Vivo. A abertura para outros clientes não aconteceu da forma esperada”, comentou Gebara, durante entrevista coletiva à imprensa. “Como somos principais clientes, entendemos que faria mais sentido integrar a empresa.”
Grande parte das sinergias esperadas a partir de agora estão na parte dos custos, uma vez que a Telefônica vê espaço para integrar e dar escala à rede. Outra parte das sinergias devem vir das receitas. A ocupação média da rede da Fibrasil está em cerca de 16%, enquanto na Telefônica, gira em 24%. “Vemos possibilidade de exercitar uma estratégia integrada e com maior penetração da rede.”
Tarifaço pode obrigar repasse de preços
O presidente da Telefônica disse ainda que a operadora vai repassar potenciais aumentos de preços de produtos e/ou serviços que venham a ser afetados pelo tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos e que está previsto para entrar em vigor nos próximos dias. “Se tiver incremento de preços, não tem jeito, teremos de repassar ao consumidor final”, declarou o executivo, em entrevista coletiva à imprensa.
A Telefônica importa aparelhos e acessórios de empresas norte-americanas como Apple e Motorola, mas que são montados no Brasil. Por enquanto, a operadora não foi informada por nenhuma dessas empresas sobre potenciais aumentos nos preços dos itens. Outro negócio importante do grupo é a intermediação de serviços de streaming de vídeo de empresas dos Estados Unidos, como Netflix e Max. As big techs podem ser tarifadas como retaliação por parte do governo brasileiro. Segundo Gebara, não houve sinalização de mudança nos preços desses serviços. Caso isso aconteça, também haverá repasse ao consumidor final.