A Renova Energia deu mais um passo em sua reestruturação, após sair da recuperação judicial. A empresa fechou um acordo para fornecer 81 megawatts (MW) de energia eólica do Complexo Alto Sertão III e infraestrutura de conexão para projetos de datacenters. O valor da transação não foi divulgado.
A expectativa da empresa é de que o primeiro passo já foi dado, com a assinatura dos Contratos de Uso do Sistema de Transmissão (CUSTs) com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o que permitirá a implantação do novo projeto da companhia e a operação dos datacenters na infraestrutura de conexão com o Sistema Interligado Nacional (SIN).
A conexão aproveitará a capacidade instalada e os ativos de transmissão da companhia que já estão em operação, na região de Caetité, na Bahia, conforme parecer de acesso do ONS. Portanto, ficará próximo à usina, diminuindo o uso da rede de transmissão para o intercâmbio energético com outros subsistemas.
“Isso traz a empresa de processamento de dados para perto, e existe uma série de benefícios nisso”, disse ao Estadão/Broadcast, o diretor-presidente da Renova, Sérgio Brasil.
Ele destaca ainda que a medida mitiga problemas como os cortes na produção de energia por restrições sistêmicas, o chamado curtailment, que tem tirado o sono dos geradores. Em média, os cortes chegam a 30% para as empresas, e para a Renova foi de 20% no primeiro trimestre deste ano.
O corte acentuado se deu principalmente devido à queda do segundo bipolo de Belo Monte, o que penalizou ainda mais as geradoras em fevereiro.
Além da vantagem de garantir consumo próximo ao ponto de carga, a iniciativa permitirá à empresa a oferta de infraestrutura associada para viabilizar o projeto. “É uma virada de chave importante e a gente entra em mercado relevante em termos de crescimento”, acrescenta.
O executivo explicou que após a conclusão da recuperação judicial, a Renova deve focar ainda mais em abrir oportunidades em negociações com grandes consumidores. “É um mercado grande a ser explorado e existe pioneirismo porque fomos junto ao ONS para desenvolver soluções regulatórias que não estavam muito claras”, disse.