A saga da decisão sobre a liderança da Vale atravessou o carnaval e promete muitos episódios até chegar a um desfecho. Terminou sem um consenso mais uma reunião extraordinária do conselho de administração sobre a permanência ou não do CEO, Eduardo Bartolomeo, na liderança da companhia, apurou o Broadcast. Ainda não foi marcada a próxima reunião, de acordo com a fonte.
O representante da Cosan, Luiz Henrique Guimarães, se absteve de votar, conforme apuração do reportagem. O nome de Guimarães – que já foi CEO da Cosan, da Raízen e da Comgás – é cotado para o cargo de CEO, em caso de Bartolomeo não ser reconduzido.
A Previ, que tem 2 dos 13 assentos no colegiado, defendeu o encerramento do contrato do executivo e o início do processo sucessório, disse uma fonte, acrescentando que a entidade teve o apoio da Bradespar, braço de investimento do Bradesco.
Bartolomeo, por seu lado, tem o apoio de dois conselheiros independentes e a preferência dos quatro estrangeiros, disseram fontes. Dentre os estrangeiros, três são independentes e um representa o Mitsui, conglomerado japonês que detém 6,31% do capital social da Vale.
O mandato de Bartolomeo vai até 26 de maio. Se o colegiado decidir que ele não deve ser reconduzido, deverá escolher um nome numa lista a ser apresentada por uma consultoria especializada. Inicialmente, as expectativas eram de que o conselho de administração tomasse sua decisão até o fim de janeiro, quatro meses antes do fim do mandato do executivo.
O tema da sucessão na Vale começou a ser debatido no ano passado, com o governo Lula indicando que desejaria que o ex-ministro Guido Mantega fosse escolhido para ser CEO, de acordo com informações de bastidores. Há um mês, a temperatura subiu, com notícias de que o ministro Alexandre Silveira estaria buscando acionistas para defender a indicação de Mantega.
O episódio caiu mal e o governo acabou desistindo de emplacar Mantega. Desde então, o xadrez da sucessão foi reformulado. O principal eixo de discussão estava na interferência do poder público na companhia e no debate sobre Mantega ser um nome adequado para o posto. Agora, sem o ex-ministro no páreo, o foco se voltou mais para os resultados da Vale durante a gestão de Bartolomeo e as premissas para o posto de CEO da mineradora, disse uma fonte.
Enquanto o imbróglio se estende, as ações da Vale vêm sofrendo. Até a quinta-feira, 15, perderam 3%, acumulando uma desvalorização de 15% em 2024
O que diz a Vale
Em nota, a Vale confirmou que seu conselho de administração se reuniu de forma extraordinária na quinta-feira, 15, para deliberar sobre a recondução ou não do atual presidente da mineradora, Eduardo Bartolomeo.
Na nota, o presidente do conselho de administração da Vale, Daniel Stieler, informa que o encontro “terminou de forma inconclusiva” e o conselho voltará a se reunir nos próximos dias em busca de uma definição sobre o assunto.