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Setor financeiro

Citi Brasil tem lucro de R$ 2,4 bi em 2023, abaixo de 2022

Recuo foi causado pela menor atividade do mercado de capitais, em especial no 1º semestre

Em 2021, o Citi anunciou a intenção de ampliar as receitas no País em 50% em três anos (foto: Adobe Stock)

O Citi Brasil encerrou 2023 com lucro líquido de R$ 2,416 bilhões, queda de 6,4% em relação a 2022. De acordo com o banco, o recuo foi causado pela menor atividade do mercado de capitais, em especial no primeiro semestre, e pela continuidade dos investimentos em tecnologia.

Para este ano, o banco vê um cenário positivo, com a retomada das ofertas de ações e o Brasil ainda atrativo para o investidor estrangeiro.

“Normalizamos o nosso lucro líquido em outro patamar, 2022 foi um ano fora da curva, o nosso recorde, e em 2023 estamos entregando um lucro líquido 43% maior que o de 2021”, afirmou o presidente do banco, Marcelo Marangon, ao Broadcast. Ele destacou que ao longo do ano passado, o investimento incremental do Citi em tecnologia e equipe no País foi de R$ 500 milhões.

Em 2021, o Citi anunciou a intenção de ampliar as receitas no País em 50% ao longo dos três anos seguintes, a partir de um reforço na equipe e de investimentos em tecnologia. Desde então, o banco cresceu a carteira no País em 21%, e a margem financeira, que é a receita com juros, em 54,5%. O lucro líquido teve crescimento de 43%. O ano de 2024 será o último deste ciclo.

Segundo Marangon, a ideia para este ano é continuar crescendo, e eventualmente ultrapassar a meta estabelecida há três anos. Ele acredita que o ano será de novo crescimento da carteira de crédito, que no ano passado chegou a R$ 52 bilhões, alta de 15,5% sobre 2022.

Além disso, o executivo antevê uma retomada das operações no mercado de capitais, tanto em renda fixa quanto em renda variável. “Vemos o mercado de dívida ativo, e o de ações mais seletivo”, afirmou Marangon. “Para ‘follow ons’ (ofertas subsequentes de ações), o mercado está aberto, e devem continuar a acontecer. Para IPOs (sigla para ofertas iniciais de ações, em inglês), o investidor está bastante seletivo.”

O presidente do Citi no Brasil afirmou que o jejum de dois anos e meio sem IPOs no Brasil deve ser quebrado no segundo trimestre deste ano. De acordo com ele, o calendário se ajustou à mudança de expectativa para o corte de juros nos Estados Unidos, de março para maio, mas a retomada deve acontecer.

Brasil bem posicionado

Marangon disse que lá fora, além dos juros, há desafios em frentes como a geopolítica e a de atividade econômica. O Brasil, de acordo com ele, está bem posicionado, inclusive do ponto de vista de reformas.

“Vemos com muito bons olhos o esforço do governo de manter a responsabilidade fiscal, é fundamental para a atração do investimento externo e a confiança do empresário”, afirmou. “No relativo, o Brasil está bem posicionado, e queremos capturar isso a partir do segundo semestre.”

De acordo com ele, o investidor de fora reconhece os avanços do governo, o que inclui a Reforma Tributária. O grande dilema é no cenário externo, que afeta o apetite desse investidor para alocar recursos em países emergentes. Na visão do executivo, o Brasil precisa mostrar bons projetos, e tem potencial em áreas como agronegócio, infraestrutura e saneamento básico.

O Citi Brasil é a quinta maior franquia do banco no mundo. Globalmente, o Citi tem feito uma ampla reestruturação, com a redução dos patamares hierárquicos e a simplificação de estruturas.

De acordo com Marangon, decisões globais podem eventualmente afetar a operação local, mas o País continua estratégico para o banco e sendo alvo de investimentos em crescimento. Parte do investimento incremental de US$ 50 milhões definido em 2021 deve ser feita este ano, em especial em tecnologia.

Balanço

Na frente de receitas, no ano passado, a margem financeira do Citi Brasil atingiu R$ 4,915 bilhões, um recuo de 7,7% sobre 2022. Naquele ano, o indicador teve uma forte expansão na comparação com 2021, de 67%.

A qualidade dos ativos se manteve sob controle: a inadimplência acima de 90 dias foi de apenas 0,02%, ou de R$ 12 milhões, de acordo com o banco. Cerca de 82% das operações têm notas de crédito AA ou A, as mais altas de acordo com a classificação do Banco Central.

O banco fechou o ano de 2023 com R$ 66,8 bilhões em depósitos, crescimento de 9,4% no intervalo de um ano. O banco tinha R$ 182 bilhões em ativos, crescimento de 7,4% em um ano, e R$ 12,3 bilhões em patrimônio líquido, alta de 4,2% em 12 meses. Como resultado, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) foi de 18,7%, queda de 3,7 pontos porcentuais no mesmo período.

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